João Gomes Cravinho ainda era ministro da Defesa quando, em 20 de Julho de 2021, o Instituto de Mobilidade e dos Transportes alugou um automóvel ao ACP para lhe fazer um exame de condução. O governante tinha então 57 anos e, portanto, a carta caducada há sete anos, porque a renovação é agora obrigatória aos cinquenta.
Ao Ministério Público chegou uma denúncia anónima, mas com elementos circunstâncias suficientes para ser instaurado um inquérito-crime no Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa. O presidente do IMT, Eduardo Feio, terá tentado favorecer o ministro, renovando a carta com a falsificação dos procedimentos obrigatórios para a renovação desse documento, quando caducado há mais de cinco anos.
Eduardo Feio rejeitou gravar qualquer entrevista, com o argumento de que já não está no IMT. De facto, terminou o seu mandato em setembro do ano passado, quando foi nomeado pelo Governo administrador dos portos de Aveiro e da Figueira da Foz.
Em dezembro, o Ministério Público decidiu fazer buscas ao IMT, autorizadas pela juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal. O material informático apreendido está agora a ser analisado, à procura de provas do crime ou da inocência dos dois socialistas.
João Gomes Cravinho e Eduardo Feio, que foi vereador e candidato pelo PS à Câmara de Aveiro, e diretor-geral do Ministério da Administração Interna no tempo do ministro António Costa são suspeitos dos crimes de abuso de poder e tráfico de influência.
Até ao momento ainda não terão sido constituídos arguidos.
A TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal, tentou também ouvir João Gomes Cravinho. O seu Gabinete declara que o ministro desconhece qualquer tipo de favorecimento, tendo cumprido todos os procedimentos necessários para a revalidação da carta de condução.