O Grupo Vita revelou, esta segunda-feira, que vai entregar à Conferência Episcopal Portuguesa uma proposta de compensação às vítimas de abusos sexuais da Igreja Católica na próxima segunda-feira, dia 19 de fevereiro.
“A CEP solicitou também ao Grupo VITA uma proposta concreta sobre como poderão vir a ser definidos e operacionalizados os processos de reparação financeira, que será apresentada durante o presente mês”, adiantou o grupo coordenado pela psicóloga Rute Agulhas para o apoio e acompanhamento das vítimas de crimes sexuais em ambiente eclesiástico.
Um ano depois da divulgação do relatório da Comissão Independente, o grupo Vita, em funções há oito meses, recebeu 71 pedidos de ajuda e realizou 45 atendimentos. A maioria das situações reportadas “dizem respeito a pessoas adultas vítimas de violência sexual na infância ou adolescência, existindo também situações de adultos especialmente vulneráveis”, revela o grupo em comunicado.
Grupo VITA realçou que existem 13 pessoas sujeitas a acompanhamento psicológico ou psiquiátrico regular e que outras oito pessoas foram direcionadas para este apoio e estão numa fase inicial do processo.
Sublinhou o “balanço positivo” dos primeiros oito meses de trabalho e o “processo gradual de confiança” entre as vítimas e o Grupo, que tem procurado trabalhar em rede com outras estruturas da Igreja e destacou ainda a formação já realizada junto das comissões diocesanas, bem como o agendamento de outras ações para catequistas, professores de educação moral e religiosa católica, docentes de escolas católicas e de escolas públicas.
“O relatório da Comissão Independente foi um ponto de viragem determinante para a Igreja Católica em Portugal que, desde então, não mais pode alegar o desconhecimento de situações sexualmente abusivas ocorridas no seu seio. As situações de violência sexual existem em todos os quadrantes da sociedade, e a Igreja não é exceção”, lembrou o Grupo VITA, que prevê apresentar o segundo relatório de atividades em Fátima no dia 18 de junho.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que ao longo de quase um ano validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.