A base militar que não tinha vigilância, a 'selfie' de grupo e o mapa com alvos específicos: como o Hamas conseguiu infiltrar-se em Israel - TVI

A base militar que não tinha vigilância, a 'selfie' de grupo e o mapa com alvos específicos: como o Hamas conseguiu infiltrar-se em Israel

  • CNN Portugal
  • 14 out 2023, 16:11
Guerra na Terra Santa: as imagens do 7.º dia de conflito (AP)

O jornal norte-americano New York Times analisou vídeos e documentos do Hamas, descobertos pelas equipas de socorro israelitas, que sugerem que o ataque contra Israel estava a ser planeado há pelo menos um ano

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Os ataques do Hamas contra Israel, que ocorreram há precisamente uma semana, foram preparados ao detalhe há pelo menos um ano, revela o jornal New York Times, que teve acesso a documentos do grupo armado e vídeos dos ataques que descreve como "assustadores" pela forma como os rebeldes islâmicos conseguiram surpreender o mais poderoso exército do Médio Oriente.

De acordo com o jornal, depois de entrar no território israelita, um grupo de dez homens armados do Hamas dirigiu-se para leste em cinco motociclos - dois homens em cada - ao mesmo tempo que disparavam sobre carros civis com que se cruzavam à medida que avançavam. Cerca de 16 quilómetros depois, saíram da estrada e seguiram por um troço de uma floresta, onde se depararam com um portão de uma base militar que não estava sob vigilância.

Os homens fizeram explodir o portão com uma pequena carga explosiva, entraram na base e tiraram uma 'selfie' de grupo. Depois, mataram a tiro um soldado que se encontrava desarmado e vestido à civil, com uma t-shirt. De seguida, um deles retirou um mapa da base militar ilustrado com códigos de cores e seguiram caminho para uma porta destrancada, que dava para uma sala repleta de computadores. Era o centro de inteligência do exército israelita. 

O New York Times escreve que os homens "sabiam exatamente como encontrar" o centro dos sistemas de informação do exército de Israel "e como lá entrar". O grupo armado utilizou drones para destruir torres de vigilância e comunicações ao longo da fronteira com Gaza, cortando assim quaisquer hipóteses de comunicações entre os soldados israelitas. Recorrendo a explosivos e tratores, os rebeldes islâmicos abriram brechas nas barricadas da fronteira, permitindo a entrada de centenas de invasores - primeiro, 200 homens e, mais tarde, 1.800, indica o jornal norte-americano - que surgiam em motociclos e pickups. 

Em pouco tempo, o Hamas dominava oito bases militares e provocava o terror nas ruas, disparando tiros contra civis em mais de 15 vilas e cidades. Os documentos de planeamento do Hamas - que datam de outubro de 2022, o que sugere que este ataque foi planeado há pelo menos um ano - a que o New York Times teve acesso revelam que os homens do grupo armado estavam organizados em unidades bem definidas e com objetivos claros. O documento tinha até estimativas do número de soldados israelitas nas bases militares, quantos veículos tinham à sua disposição e quanto tempo demorariam a chegar ao local onde se encontravam.

Algumas unidades tinham instruções específicas para raptar israelitas com o objetivo de os usar como moeda de troca de prisioneiros em Israel e nos EUA. "Levem soldados e civis como prisioneiros e reféns para negociar", pode ler-se no documento, citado pelo New York Times.

Em algumas vilas israelitas, os habitantes foram queimados vivos nas suas próprias casa, enquanto os homens armados perseguiam os civis em cada esquina, procurando por pessoas para raptar e matar. Pais, crianças e um bebé de nove meses foram raptados e levados para Gaza, muitos deles transportados entre os assaltantes nos motociclos.

No total, o Hamas fez mais de 150 reféns e matou mais de 1.300 pessoas naquele que foi considerado já o dia mais mortífero na história de Israel, escreve o New York Times. O presidente israelita, Isaac Herzog, disse mesmo que "nunca tantos judeus foram mortos num único dia desde o Holocausto". Como resposta, Israel lançou um contrataque em Gaza que provocou a morte de mais de 1.900 palestinianos numa só semana.

O exército israelita garantiu que, assim que este conflito terminar, vai investigar como o Hamas conseguiu impor-se tão facilmente perante as suas forças de segurança. Ali Barakeh, líder do braço armado do Hamas, diz que o grupo fez com que os israelitas acreditassem que estava "ocupado a governar Gaza" “Durante todo esse tempo", porém, "o Hamas estava a preparar este grande ataque”, salientou, citado pelo jornal.

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