Os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza mataram mais de 300 pessoas e feriram meio milhar nas últimas horas, enquanto prosseguem combates entre soldados e milicianos do Hamas, no 63.º dia de guerra, anunciou o Ministério local da Saúde.
"Nas últimas horas, 313 mortos e 558 feridos chegaram aos hospitais", enquanto "um grande número de vítimas continua debaixo dos escombros" ou deitado nas estradas, declarou esta tarde o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf Al Qudra.
O número de palestinianos mortos desde o início da guerra, a 7 de outubro, ascende a 17.487, 70% dos quais são mulheres e crianças, acrescentou o mesmo organismo controlado pelo Hamas, acrescentando que o número total de feridos é de 46.480.
Destes, cerca de 618 foram evacuados para o Egito para receberem cuidados médicos.
Só nas últimas 24 horas contabilizaram-se 313 mortos e 558 feridos, mas os dados, previsivelmente, irão continuar a subir, dado que continuam os ataques.
Ashraf Al Qudra advertiu que a situação humanitária em Gaza é desastrosa, o que é evidente nos hospitais, muitos dos quais estão fora de serviço ou quase inoperacionais devido à falta de combustível, e sobrecarregados pelo elevado número de doentes, feridos e deslocados, e pela propagação de doenças epidémicas.
"A situação sanitária no Sul é extremamente catastrófica, os hospitais perderam a sua capacidade nos serviços e nos cuidados intensivos", enquanto a ocupação das camas "atingiu os 262%", observou Al Qudra.
O responsável acrescentou que muitos centros de saúde "perderam estabilizadores ósseos, vários materiais cirúrgicos, medicamentos e tratamento de queimaduras" e que "os bancos de sangue perderam testes de vírus".
Além disso, o porta-voz do Ministério da Saúde denunciou que Israel "impede a chegada de ambulâncias para retirar os feridos e os mortos das zonas onde as suas forças militares estão presentes", fazendo com que "os feridos sangrem até à morte".
As autoridades do Hamas, bem como a ONU e outras organizações no terreno, acusaram as forças israelitas de bombardear zonas e instalações civis teoricamente protegidas pelo direito internacional, como hospitais e escolas. Desde o início da atual escalada, apenas 618 pessoas feridas ou doentes puderam sair da Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, segundo o ministério da Saúde de Gaza.
Também hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a “civilização está à beira do colapso" em Gaza e que o sistema de Saúde naquele território está arrasado, apelando a um cessar-fogo “já”.
Em declarações aos jornalistas, em Genebra, na Suíça, o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, afirmou que a “situação está a tornar-se mais terrível a cada dia que passa, literalmente para além da imaginação".
Na quinta-feira, o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) deu conta que apenas 14 dos 36 hospitais da Faixa de Gaza ainda estavam a funcionar da melhor forma possível.
Na sequência do ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas, Israel respondeu com bombardeamentos maciços e uma ofensiva terrestre que causou a morte a perto de 17.500 pessoas em Gaza, sobretudo mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.