Mais de duas décadas após os atentados do 11 de Setembro e de 12 anos após a sua morte, a carta de Osama bin Laden a justificar o ataque terrorista contra o World Trade Center, em Nova Iorque, ficou viral nas redes sociais, em particular no TikTok.
Vários utilizadores da plataforma publicaram esta quarta-feira vídeos a incentivar outras pessoas a ler a “Carta ao Povo Americano”, garantindo que a leitura da mesma mudou a sua perspetiva geopolítica mundial.
“Acabei de ler a ‘Carta para a América’ e nunca mais vou ver a vida da mesma maneira, nunca mais vou ver este país [EUA] da mesma maneira. Leiam e depois digam-me se também estão a passar por uma crise existencial. Nos últimos 20 minutos, toda a minha visão da vida mudou”, diz uma utilizadora.
“Ao ler esta carta, torna-se aparente para mim que as ações do 11 de Setembro e os atos cometidos contra os EUA e a sua população foram só o acumular do falhanço do nosso governo perante as outras nações”, referiu outra, também pedindo a mais pessoas para lerem o texto.
Over the past 24 hours, thousands of TikToks (at least) have been posted where people share how they just read Bin Laden’s infamous "Letter to America," in which he explained why he attacked the United States.
— Yashar Ali 🐘 (@yashar) November 16, 2023
The TikToks are from people of all ages, races, ethnicities, and… pic.twitter.com/EwjiGtFEE3
Um dos tiktokers referiu que, ao ler a carta, “só se conseguia lembrar de um tweet em particular”, e que dizia: "No colonialismo, qualquer tipo de resistência é classificado como terrorista porque a única violência aceitável é a violência do ocupante", numa aparente alusão ao ataque do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro.
Na carta, Bin Laden menciona várias vezes a ocupação israelita da Palestina como um motivo para a luta contra os Estados Unidos.
“Vocês atacaram-nos na Palestina, que está sob ocupação militar há mais de 80 anos”, escreveu o ex-líder da Al-Qaeda. “Os britânicos entregaram a Palestina, com a vossa ajuda, aos judeus, que a ocupam há mais de 50 anos; anos repletos de opressão, tirania, crimes, matança, expulsão, destruição e devastação”.
“A criação e continuidade de Israel é um dos maiores crimes, e vocês são os líderes dos seus criminosos. (…) Cada pessoa cujas mãos ficaram sujas com a contribuição para este crime têm de pagar o seu preço, e devem pagá-lo intensamente”, pode ler-se na carta.
Coincidentemente ao aumento da popularidade do texto, o jornal britânico The Guardian, que publicou a carta em novembro de 2002, decidiu retirá-la do seu site sem explicar os motivos.
“Esta página exibia anteriormente um documento que continha, em tradução, o texto integral da "Carta ao Povo Americano" de Osama bin Laden, conforme noticiado no Observer de domingo, 24 de novembro de 2002. O documento, que foi publicado aqui no mesmo dia, foi retirado em 15 de novembro de 2023”, lê-se agora no endereço.
A rede social TikTok também reagiu e, em nota publicada no X, declarou que a promoção deste texto “viola claramente as regras da plataforma sobre o apoio a qualquer forma de terrorismo”, mas desmente que se tenha tornado viral.
“Estamos a remover este conteúdo de forma proativa e agressiva e a investigar como foi parar à nossa plataforma. O número de vídeos no TikTok é reduzido e os relatos de que se trata de uma tendência na nossa plataforma são imprecisos. Esta situação não é exclusiva do TikTok e tem aparecido em várias plataformas e nos meios de comunicação social”, afirma a rede social.