Israel procurava um alto comandante do Hamas. Conseguiu encontrá-lo e matá-lo, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), num ataque que os palestinianos dizem que matou mais de 50 pessoas, depois de ter atingido o campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza.
O ataque deixou um cenário de catástrofe, com vários danos nas estruturas e muitos mortos para contar, segundo revelaram testemunhas à CNN Internacional.
“Estava na fila para comprar pão e, de repente, sem qualquer aviso, sete ou oito mísseis caíram”, conta Mohammad Ibrahim, descrevendo os grandes buracos feitos pelos projéteis. “Parecia o fim do mundo”, continua.
As IDF garantem que este ataque tinha um único objetivo: alcançar e matar Ibrahim Biari, um dos comandantes que terá estado por detrás da operação “Al-Aqsa”, que o grupo lançou contra o território israelita, a 7 de outubro, matando mais de 1.400 pessoas e fazendo centenas de reféns, alguns deles ainda presos.
🔴 IDF fighter jets eliminated Ibrahim Biari, Commander of Hamas' Central Jabaliya Battalion. Biari was one of the leaders responsible for the murderous terror attack on October 7th.
— Israel Defense Forces (@IDF) October 31, 2023
The strike damaged Hamas’ command and control in the area and eliminated a large number of… pic.twitter.com/nfJImr5g50
O exército israelita garante que “vários terroristas do Hamas” foram mortos neste mesmo ataque, acusando o Batalhão de Jabalia Central de ter tomado conta dos edifícios de civis para servir de base operacional. Pelo meio mostrou imagens do ataque, conduzido com caças.
כוחות חי"ר ושיריון בפיקוד חטיבת גבעתי פעלו ביממה האחרונה במעוז צבאי של ארגון הטרור חמאס בצפון הרצועה. בפעילויות ברחבי הרצועה במהלך היום חיסלו הלוחמים כ-50 מחבלים.
המעוז נמצא במערב ג’באליה ומשמש את מפקד גדוד ג’באליה של החמאס לאימונים לקראת פעולות טרור והוצאתן לפועל>> pic.twitter.com/eO7yUNUFam
— צבא ההגנה לישראל (@idfonline) October 31, 2023
Do outro lado, e como tem sido habitual, o Hamas nega essa versão. Diz que o local não serve de abrigo aos seus combatentes, acusando Israel de tentar justificar um “crime hediondo contra civis, crianças e mulheres no campo de Jabalia”.
Mohammad Al Aswad, que também estava no local à hora do ataque, descreveu à CNN Internacional uma “cena horrorosa”: “Crianças a carregarem outras crianças feridas e a correrem, com pó cinzento no ar. Corpos pendurados nos escombros, muitos irreconhecíveis. Alguns a sangrar e outros queimados”, referiu.
As imagens do local confirmam esse cenário, com várias crateras e muitos edifícios totalmente destruídos. No local continuam ainda equipas de busca e salvamento.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina descreveu o ataque como um "massacre", falando em cenas de fazer "tremer" qualquer um, nomeadamente envolvendo mulheres e crianças.
Uma condenação que também surgiu rapidamente do mundo árabe, com Arábia Saudita, Irão, Jordânia e Egito a criticarem o ataque. O Egito diz mesmo que Israel quebrou a lei internacional, falando num ataque "desumano" que atingiu uma área residencial. Com efeito, o Hamas diz que mais de 20 prédios onde moravam pessoas foram atingidos e destruídos.
"O Egito considera esta uma nova violação flagrante das forças israelitas contra o Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário", disse o governo egípcio.
Também o Catar, que tem estado a ajudar nas negociações para a libertação de reféns, veio condenar o ataque. O Ministério dos Negócios Estrangeiros referiu que o emirado considera este como um "novo massacre contra o indefeso povo palestiniano, especialmente crianças e mulheres".
"A expansão dos ataques israelitas na Faixa de Gaza para incluir objetos civis, como hospitais, escolas, centros de habitação ou abrigos é uma escalada perigosa no curso das confrontações, que pode minar a mediação e os esforços", referiu o ministério.
Qatar Strongly Condemns the Massacre at Jabalia Refugee Camp in Gaza#MOFAQatar pic.twitter.com/budQ7batzu
— Ministry of Foreign Affairs - Qatar (@MofaQatar_EN) October 31, 2023
Já os Estados Unidos mantêm a posição que adotaram desde o início. Israel não está a "atingir civis deliberadamente, como o Hamas". Palavras do porta-voz do Pentágono, o brigadeiro-general Pat Ryder, que recusou comentar casos específicos, mas que garantiu que os norte-americanos continuam preocupados com as perdas civis.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca acrescentou que as indicações apontam que Israel está a tentar proteger civis enquanto ataca o Hamas. John Kirby classificou de "tragédia" as mortes de civis no campo de Jabalia, garantindo que os Estados Unidos vão "continuar a trabalhar com os israelitas sobre a necessidade de respeitar a vida humana e tentar minimizar a perda de civis".