Os navios petroleiros russos têm desaparecido de vista cada vez com mais frequência em pleno Atlântico, desde o início da aplicação de sanções contra o regime russo por parte de vários países ocidentais. Apenas nos últimos dez dias, três embarcações desligaram os seus sistemas de transmissões e desapareceram dos radares ao largo do arquipélago dos Açores, avança a Bloomberg.
Embora não seja claro qual o motivo que levou as embarcações a desligarem os sistemas que permitem a sua identificação – os regulamentos internacionais exigem que navios como os petroleiros mantenham os seus transmissores quase sempre ligados – suspeita-se que estes navios estejam a transferir a sua carga para outras embarcações, para que os compradores do petróleo o possam fazer da forma o mais anónima possível.
Recorde-se que, no final de maio, o navio Zhen I transferiu a sua carga para o supernavio Lauren II a 300 milhas náuticas da ilha da Madeira - a cerca de 100 milhas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa.
Situações semelhantes têm vindo a ser relatadas em navios que se deslocam em direção à Ásia.
À medida que se arrasta a guerra na Ucrânia, os petroleiros russos que transportam o crude bruto e os produtos petrolíferos estão a desaparecer cada vez mais dos sistemas de rastreamento. A atividade obscura entre os petroleiros ligados à Rússia aumentou 600 % em comparação com o que acontecia antes do início da guerra.
A maioria destas transferências ocorre em águas abrigadas, onde o risco de derramamento de petróleo é reduzido drasticamente. Estas trocas costumavam ter lugar na costa da Dinamarca, mas recentemente têm sido observadas no mar Mediterrâneo, a norte de Ceuta ou no Mar do Norte, perto de Roterdão. Mas, mais recentemente, estas transferências estão a ter lugar em mar alto e quase em águas portuguesas.
Na última década, países que são alvo de sanções ocidentais como o Irão ou a Venezuela tornaram comum a prática de transferir petróleo em alto mar.
Mas para onde vai este petróleo? Os analistas acreditam que algumas refinarias na China e na Índia, dois dos maiores consumidores de petróleo do mundo e das economias de crescimento mais rápido, estão a comprar energia russa às escondidas.
Apenas nas primeiras cinco semanas da guerra, a empresa de pesquisa Rystad Energy estima que tenham desaparecido, por dia, entre 1,2 e 1,5 milhões de barris das exportações russas de petróleo bruto.