A despedida do fotógrafo do batalhão Azov, antes da rendição: "Obrigado a partir dos abrigos de Azovstal - o lugar da minha morte e da minha vida" - TVI

A despedida do fotógrafo do batalhão Azov, antes da rendição: "Obrigado a partir dos abrigos de Azovstal - o lugar da minha morte e da minha vida"

  • CNN Portugal
  • Com Lusa
  • 20 mai 2022, 22:44

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que Exército russo “libertou na totalidade” o complexo siderúrgico Azovstal, em Mariupol. Nas redes sociais, Dmytro Kozatskyi publicou uma série de fotografias e uma mensagem de despedida

"Bom, é tudo. Obrigado a partir dos abrigos de Azovstal - o lugar da minha morte e da minha vida", escreveu Dmytro Kozatskyi, conhecido como 'Orest', num post nas redes sociais, que publicou esta sexta-feira.

O militar ucraniano e fotojornalista do regimento Azov colocou à disposição do público uma seleção de fotografias tiradas no interior da fábrica de aço Azovstal, último reduto da resistência ucraniana na cidade portuária de Mariupol, que estará agora totalmente sob controlo russo. 

Na mensagem, o combatente partilhou também uma hiperligação para a transferência de fotografias. Algumas delas já eram conhecidas, como as de um hospital de campanha num dos abrigos da fábrica e um militar sob um raio de luz. As imagens mostram também as atividades diárias dos militares na siderurgia, a conversar à volta de uma fogueira, a fazer palavras cruzadas, a cortar a barba ou a fumar um cigarro. Noutras, os combatentes, feridos e mutilados, enfrentam a câmara e um deles faz com os dedos o sinal da vitória. Mas a vitória não chegou àqueles homens.

Dmytro Kozatskyi pediu para que, enquanto estiver "em cativeiro", as pessoas partilhem as suas fotos e as candidatem a prémios jornalísticos e concursos de fotografia. "Inscrevam-nas por mim", disse. "Se eu ganhar algum prémio, ficarei muito feliz por sabê-lo quando for libertado. Obrigado por tudo o apoio. Até breve."

O comandante do regimento, Denys Prokopenko, anunciou hoje que os últimos soldados ucranianos entrincheirados na fábrica siderúrgica receberam ordens de Kiev para "deixar de defender a cidade".

"O alto comando militar deu a ordem para salvar a vida dos soldados da nossa guarnição, parando de defender a cidade", disse o comandante do regimento Azov, uma das unidades ucranianas presentes na siderúrgica, numa mensagem de vídeo publicada no serviço de mensagens Telegram e relatada pela agência Ukrinform. 

Entretanto, ao final do dia, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que Exército russo “libertou na totalidade” o complexo siderúrgico Azovstal, em Mariupol, sudeste da Ucrânia, após os últimos combatentes ucranianos presos naquele espaço se terem rendido.

“Desde 16 de maio, renderam-se 2.439 nazis do [Regimento] Azov e militares ucranianos detidos na fábrica. Hoje, 20 de maio, o último grupo de 531 combatentes rendeu-se”, realçou Igor Konashenkov, porta-voz do Ministério da Defesa russo, em comunicado publicado na rede social Telegram.

A mesma fonte explicou que o presidente russo, Vladimir Putin, foi informado pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu, do “final da operação e da libertação completa de Azovstal e da cidade de Mariupol”.

O complexo metalúrgico, com o seu labirinto de galerias subterrâneas escavadas nos tempos soviéticos, foi a última bolsa de resistência ucraniana nesta cidade portuária no Mar de Azov, fortemente bombardeada pelos russos.

As tropas russas cercaram Mariupol a 1 de março e, a partir do final de abril, os defensores da cidade ficaram cercados na fábrica de Azovstal. Entre eles havia soldados do regimento da Guarda Nacional Azov, fuzileiros navais, guardas da fronteira, polícias, voluntários e mais de mil civis. 

A 14 de maio, os defensores relataram que havia cerca de 600 feridos na fábrica, quase sem remédios, água ou comida. A 17 de maio, pelo menos sete autocarros deixaram Azovstal. 256 soldados ucranianos, incluindo 51 feridos, foram levados para um local controlado pela Rússia, na autoproclamada República Popular de Donetsk.

“Conseguimos salvar os civis, os feridos graves receberam a ajuda necessária e conseguimos retirá-los para uma troca posterior”, explicou Prokopenko, sublinhando que espera que em breve seja também possível enterrar com dignidade os soldados mortos em combate.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) solicitou esta sexta-feira, um “acesso imediato” a estes prisioneiros para prestar a ajuda humanitária que lhe for possível. As autoridades ucranianas, por sua vez, mantêm o interesse em realizar uma futura troca de prisioneiros com os soldados capturados, após deixarem Azovstal.

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