A guerra dos drones: como foi a noite de ataques em Moscovo e Kiev - TVI

A guerra dos drones: como foi a noite de ataques em Moscovo e Kiev

  • CNN Portugal
  • MJC
  • 30 mai 2023, 11:03
Ataque com drones a Moscovo, Rússia (AP)

Pelo menos oito drones abatidos em Moscovo. Autoridades russas denunciam "ataque terrorista" que fez danos ligeiros em edifícios e provocou dois feridos. A cidade de Kiev sofreu o terceiro ataque em 24 horas: mais de 20 drones foram abatidos, uma pessoa morreu

Relacionados

A cidade de Moscoco foi atingida por drones durante a última madrugada. O Ministério da Defesa da Rússia acusou Kiev de ter lançado um ataque com aparelhos aéreos não tripulados, numa operação que classificou como ação "terrorista".

O governador da região de Moscovo, Andrei Vorobiov, confirmou  que "hoje de manhã" os residentes da província (Moscovo) ouviram o som de explosões "devido à ação das defesas aéreas". "Vários ‘drones’ foram abatidos quando se aproximaram de Moscovo", referiu Vorobiov. 

O presidente da câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, confirmou que duas pessoas ficaram feridas e alguns moradores em dois blocos de apartamentos levemente danificados tiveram de ser retirados das susas casas. 

"Esta manhã, o regime de Kiev lançou um ataque terrorista com drones a alvos na cidade de Moscovo", disse o ministério da Defesa, citado pela Reuters. "Três deles foram neutralizados por sistemas eletrónicos, perderam o controlo e desviaram-se dos seus alvos, cinco drones foram abatidos pelo sistema anti-míssil Pantsir-S na região de Moscovo", disse.

No entanto, um canal do Telegram com links para os serviços de segurança referiu que mais de 25 drones estiveram envolvidos no ataque. Esse foi também o número referido pelo autarca da capital russa, Serguei Sobyanin: "Cerca de 25 ‘drones’ foram projetados contra Moscovo (...). Um deles levava artefactos explosivos que não detonaram", disse Sobyanin, em comunicado. O presidente da Câmara de Moscovo especificou depois que "apenas duas pessoas receberam tratamento médico em ambulatório". 

Parte de um drone abatido em Moscovo (AP)

Ainda de acordo com Sobyanin, "por razões de segurança", os serviços de emergência evacuaram os edifícios junto a um prédio que terá sido atingido por um drone. A meio da manhã, após a intervenção dos serviços especiais para garantir a segurança dos edifícios, os moradores começaram a regressar às suas casas, garantiu o autarca.

O deputado russo Maxim Ivanov classificou-o como o ataque mais sério contra Moscovo desde a Segunda Guerra Mundial, dizendo que nenhum cidadão poderia agora evitar "a nova realidade". “Ou derrotarão o inimigo como um único punho da nossa pátria, ou a vergonha indelével da cobardia, colaboração e traição vai cobrir as vossas famílias”, disse.

Desde que a Rússia enviou tropas para o país vizinho, em fevereiro passado, a guerra tem sido, na sua maior parte, em território ucraniano, com apenas alguns ataques registados em território russo. Há algumas semanas, dois drones foram interceptados sobre o Kremlin num ataque que a Rússia também atribuiu a Kiev e disse que visava Putin. Mas esta foi a primeira vez que veículos aéreos não tripulados atingiram áreas residenciais de Moscovo, localizada a centenas de quilómetros das linhas da frente na Ucrânia.

Mais um ataque a Kiev: "Aguentamos, lutamos e vamos superar isto tudo"

O ataque a Moscovo seguiu-se a um ataque semelhante à capital da Ucrânia, Kiev. Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas quando os destroços de um projétil russo destruiu um prédio de apartamentos, no bairro de Holosiivsky, no sul da capital ucraniana, provocando um incêndio, disseram as autoridades. Dois andares superiores do prédio foram destruídos, com pessoas possivelmente ainda sob destroços. 

“Uma pessoa morreu, uma idosa foi hospitalizada, duas vítimas foram assistidas no local”, disse o presidente da câmara da cidade, Vitali Klitschko, na plataforma Telegram.

As forças de defesa aérea da Ucrânia terão destruído mais de 20 drones, disse a administração militar da capital ucraniana. Foi  um ataque "maciço" lançado em várias ondas, disse Serhiy Popko. Este foi o terceiro ataque à cidade em 24 horas. 

Anton Gerashchenko, antigo ministro ucraniano, descreveu assim a noite de ataques a Kiev: "Outra noite difícil para Kiev. Passaram-se apenas algumas horas entre os ataques russos. A Rússia lançou ontem à noite 31 drones, de diferentes direções, em ondas, para dificultar a defesa aérea. 29 drones foram abatidos. Um prédio residencial ficou em chamas ao ser atingido por fragmentos de drones. Uma pessoa morreu, vários feridos, muitos deslocados. Vários edifícios privados e muitos carros foram danificados de acordo com o autarca de Kiev. A maioria de nós dormiu pouco ou nada na noite passada, ouvindo explosões e a rezar pela nossa defesa aérea. Dizemos na brincadeira que em Kiev se pode levar três dias para dormir oito horas. Aguentamos, lutamos e vamos superar isto tudo."

Ucrânia nega envolvimento no ataque a Moscovo

Nenhum dos lados confirmou ter como alvo as capitais um do outro.

Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente ucraniano, diz que a Ucrânia viu com satisfação o ataque com drones a Moscovo e prevê que tais ataques vão aumentar, mas nega o envolvimento de Kiev. "Em relação aos ataques: é claro que estamos satisfeitos em assistir e prevemos um aumento no número de ataques. Mas é óbvio que não temos nada a ver diretamente com isso", diise Podolyak disse ao canal de YouTube "Breakfast Show", citado pela Reuters.

A Rússia atacou Kiev 17 vezes em maio com drones ou mísseis, principalmente à noite, numa aparente tentativa de minar a vontade de lutar dos ucranianos após mais de 15 meses de guerra. "Esses ataques de mísseis com uma frequência bastante intensa são direcionados especificamente para esgotar as nossas forças de defesa aérea e as nossas forças física e moral", disse Natalya Gumenyuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia.

O presidente Volodymyr Zelenskiy disse que o sistema Patriot de defesas antimísseis fornecido pelos EUA estava a fazer o seu trabalho: "O terror será derrotado", garantiu, no seu discurso noturno na segunda-feira, no qual garantiu que a contraofensiva ucraniana vai acontecer.  

 

 

Continue a ler esta notícia

Relacionados