À procura de entrar na NATO há mais de um ano, a Suécia tornou-se um dos alvos preferidos da desinformação russa, que tenta aproveitar os vários protestos anti-islâmicos que têm acontecido naquele país para montar uma narrativa que atrase ao máximo a adesão à Aliança Atlântica.
Por isso mesmo a Suécia decidiu criar uma nova linha de defesa. Não física, mas psicológica. A Agência de Defesa Psicológica, lançada pelo Ministério da Defesa no fim do ano passado, tornou-se rapidamente na primeira linha de contra-ataque à Rússia, tentando contrariar as pretensões russas.
É que, segundo responsáveis daquela mesma agência, o Kremlin mobilizou uma campanha nas redes sociais para desacreditar a Suécia, nomeadamente junto da religião muçulmana, tentando influenciar a posição da Turquia, país onde quase toda a população é islâmica, e que terá a última palavra a dizer na adesão sueca à NATO.
Depois de vários meses a trabalhar nas sombras, a agência sueca acusou explicitamente a Rússia de explorar os mais recentes protestos contra o islamismo, alguns dos quais incluem queimas do Corão, o livro sagrado daquela religião.
"Estão num nível que nunca vimos antes", afirmou o diretor de operações da agência, Mikael Tofvesson, em declarações ao The New York Times.
O responsável falou especificamente num caso: o protesto global que ocorreu após um homem ter queimado o Corão e o ter coberto de bacon junto à maior mesquita de Estocolmo, a 28 de junho, data em que os muçulmanos celebraram o Eid al-Adha, o seu feriado mais importante.
Se a estratégia russa funciona ainda não é certo, mas há sinais claros de uma inclinação: a Turquia continua a adiar a ratificação da adesão, mesmo depois das promessas do presidente, Recep Tayyip Erdogan. Em paralelo são cada vez mais comuns imagens, um pouco por todo o mundo, de muçulmanos a condenarem os protestos ocorridos na Suécia.
Nas últimas semanas tem sido comum ver protestos em que muçulmanos queimam a bandeira sueca. Isso ocorreu em cidades de países como Paquistão, Iraque ou Irão, onde as embaixadas suecas também foram vandalizadas.
Por isso foi criada esta agência. "Esta é a situação de segurança mais séria desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou o primeiro-ministro sueco.