E à terceira é a vez de o secretário-geral da NATO corrigir o "erro" sobre o que foi dito para se acabar com a guerra na Ucrânia - TVI

E à terceira é a vez de o secretário-geral da NATO corrigir o "erro" sobre o que foi dito para se acabar com a guerra na Ucrânia

  • CNN Portugal
  • BC
  • 17 ago 2023, 15:42

Alto responsável da NATO sugeriu há dias que a Ucrânia cedesse território à Rússia para se chegar a um princípio de paz. Entretanto houve dois esclarecimentos da própria NATO a corrigir estas declarações. E agora fala o número 1

O secretário-geral da NATO falou publicamente esta quinta-feira pela primeira vez sobre as declarações polémicas do seu chefe de gabinete, Stian Jenssen, que sugeriu que a Ucrânia cedesse território aos russos em troca do fim da guerra e da adesão à Aliança Atlântica.

"Só os ucranianos, e apenas os ucranianos, podem decidir quando existem condições para as negociações. E podem decidir à mesa das negociações o que é uma solução aceitável", disse Jens Stoltenberg, citado pela Reuters.

Falando numa conferência na cidade norueguesa de Arendal, o secretário-geral da NATO não fugiu à polémica - perante a reação indignada de Kiev - e sublinhou que o papel da Aliança Atlântica é apoiar a Ucrânia, frisando que a posição da NATO em relação a Kiev não mudou.

"A mensagem dele [Jenssen], que é a minha principal mensagem, e que é a mensagem principal da NATO, é, em primeiro lugar, que a política da NATO não se alterou. Nós apoiamos a Ucrânia", repetiu Stoltenberg, desvalorizando a sugestão do seu chefe de gabinete para um eventual acordo de paz. O próprio Jenssen já veio entretanto assumir o "erro" por ter colocado em causa a soberania territorial de Kiev.

Desde que Jenssen falou num fórum político, na terça-feira, sobre eventuais soluções para a paz na Ucrânia, os porta-vozes da NATO já vieram garantir, pelo menos em duas ocasiões, que a posição da Aliança Atlântica "é clara e não mudou": "Continuaremos a apoiar a Ucrânia por quanto tempo for necessário e estamos comprometidos com alcançar uma paz justa e duradoura".

Faltava apenas a resposta do secretário-geral, que não quis deixar de falar sobre o tema que marcou os últimos dias, desde que Stian Jessen, num fórum político na Noruega, avançou com aquilo a que chamou uma "solução teórica" para o fim da guerra na Ucrânia. 

"Julgo que uma solução podia ser a Ucrânia ceder território e receber a adesão à NATO em troca", afirmou o chefe de gabinete de Jens Stoltenberg, que revelou ainda que o estatuto da Ucrânia num eventual pós-guerra também tem sido debatido nos círculos diplomáticos. 

A indignação de Kiev

Stian Jessen não deixou de frisar que os termos de um acordo de paz têm de ser naturalmente acolhidos por Kiev, remetendo então para a posição oficial da NATO. A Aliança Atlântica tem afirmado que nenhum acordo com a Rússia deve ser alcançado sem ter o aval ucraniano. "Não estou a dizer que tem de ser assim. Mas poderá ser uma solução possível", esclareceu ainda sobre a sua solução "teórica".

A presidência ucraniana não gostou do discurso de Jenssen, muito próximo do secretário-geral da NATO, e menos ainda que este tenha tido a ousadia de verbalizar em público esta sugestão. Mykhailo Podolyak, conselheiro de Volodymyr Zelensky, foi contundente: "Trocar território pelo chapéu de chuva da NATO? É ridículo", afirmou. "Significa escolher deliberadamente a derrota da democracia, encorajando um criminoso global, preservando o regime russo, destruindo a lei internacional e passando a guerra às próximas gerações", sublinhou Podolyak, numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter).

O conselheiro do presidente da Ucrânia pediu ainda uma derrota pesada para Moscovo, referindo que se o regime russo não mudar e se os criminosos de guerra não forem punidos, "a guerra regressará, definitivamente, com o apetite da Rússia por mais". 

Em entrevista ao jornal norueguês que inicialmente noticiou os seus comentários, o chefe de gabinete de Stoltenberg reconheceu que o seu comentário "foi um erro" e que "não deveria ter falado daquela forma", tendo vindo entretanto a pedir desculpa pelas suas declarações, que colocaram a Aliança Atlântica a falar a mais do que uma voz.

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