Governo português "repudia firmemente" a acusação de ter retirado crianças ucranianas às mães - TVI

Governo português "repudia firmemente" a acusação de ter retirado crianças ucranianas às mães

  • CNN Portugal
  • Com Lusa (atualizada às 20:40)
  • 5 abr 2023, 20:02
Crianças entre os refugiados da guerra na Ucrânia (AP Photo)

O embaixador russo junto das Nações Unidas acusou os países ocidentais - nomeadamente Portugal, Espanha e Alemanha - de quererem abafar o facto de estarem a ser retiradas crianças aos refugiados ucranianos

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O Governo português "repudia firmemente" as declarações do embaixador russo junto das Nações Unidas que, esta quarta-feira, acusou Portugal, Espanha e Alemanha de terem retirado "centenas" de crianças ucranianas às suas mães para as colocar em estruturas de acolhimento nos respetivos territórios, tendo apresentado testemunhos destes alegados casos.

Em resposta à CNN Portugal, o Ministério dos Negócios Estrangeiros reafirma "o seu apoio à Ucrânia nas diferentes dimensões, incluindo a do acolhimento aos ucranianos deslocados, vítimas da agressão da Rússia ao seu país".

O embaixador russo Vasily Nebenzya, cujo país preside este mês ao Conselho de Segurança da ONU, acusou os países ocidentais de quererem abafar o facto de, nos países europeus, estarem a ser retiradas crianças aos refugiados ucranianos. O embaixador referiu então Portugal, Espanha e Alemanha como exemplo de países onde isso acontece.

"O número de pessoas que passaram por isso está na casa das centenas. Crianças pequenas estão a ser levadas para centros de acolhimento por pessoas estranhas. As mães que estão a tentar recuperar as crianças são ameaçadas com processos criminais", acusou o diplomata.

Associação dos Ucranianos em Portugal diz que declarações de embaixador russo são "pura propaganda"

O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal também rejeitou as declarações do embaixador russo junto da ONU, que classificou como "pura propaganda".

Pavlo Sadokha afirmou, numa reação à Lusa, que Vasily Nebenzya é um "embaixador propagandista", que "sempre fez declarações de propaganda que não correspondem à verdade".

Sadokha adiantou que a propaganda russa "começou a gravar vídeos com refugiados ucranianos, mas manipulando os casos, mostrando que as crianças refugiadas da Ucrânia estão desprotegidas nos países da União Europeia".

Num desses vídeos surge uma mulher que se identifica como Alina Komisarenko, natural da cidade ucraniana de Zaporijia, e que relata que o seu filho "foi levado pelo sistema juvenil em Portugal".

O presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal referiu à Lusa que "o caso é verdadeiro", a "criança foi retirada" à mãe pela comissão de proteção de menores, mas "não foi retirada sem razão".

"A criança não foi roubada", frisou Pavlo Sadokha, acrescentando que a comissão "tinha de reagir" em relação ao caso "da mesma maneira" que reagiria se uma criança, em idênticas circunstâncias, fosse de outra nacionalidade, "seja ucraniana, seja russa...".

Sem especificar as razões que levaram à retirada do menor à mãe, alegando que o caso está a ser investigado, Sadokha assinalou que a associação está a "tentar ajudar" a mulher, que "está num estado emocionalmente difícil, com o marido na Ucrânia".

Pavlo Sadokha sublinhou, ainda, que o Estado português "está a dar uma especial atenção às crianças refugiadas da Ucrânia".

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