Guerra na Ucrânia: Porque é que os drones têm vindo a ganhar importância? - TVI

Guerra na Ucrânia: Porque é que os drones têm vindo a ganhar importância?

Drone Bayraktar TB2 (AP)

São usados para atacar, mas também para localizar e confirmar objetivos

Estão a ser utilizados desde o início da guerra, mas nos últimos tempos os drones ganharam outra importância. A União Europeia incluiu, no seu mais recente pacote de sanções, uma alínea destinada à proibição da exportação deste tipo de aparelhos, que, para além da Rússia, também abrange o Irão, país que está por detrás de grande parte da frota russa de drones.

Mas porque é que só agora é que estes aparelhos são alvo de sanções? O major-general Isidro de Morais Pereira entende que a maior preponderância dos drones na guerra está relacionada com a chegada dos Shahed-136, aeronaves não tripuladas que a Rússia está a receber do Irão, e que funcionam como kamikazes em ataques a alvos concretos.

Este tipo de equipamentos já foi modificado para resistir a temperaturas abaixo dos 20 graus negativos, ainda longe daquilo que se verifica em território ucraniano atualmente, mas a chegada do tempo frio não será uma explicação para a sua maior utilização, argumenta o militar.

“Mesmo no terreno é possível combater. Os solos congelaram e é possível. O problema só se coloca no terreno quando fica abaixo dos 20 graus negativos, mas com os drones não”, afirma, contando que esse tipo de experiências já foram verificadas em laboratórios militares no Alasca ou na Finlândia.

Isidro de Morais Pereira salienta antes a mais recente utilização de drones por parte da Rússia como explicação para estes aparelhos terem ganhado relevância, incluindo com as sanções apresentadas pela União Europeia. "Os drones ficaram mais importantes por causa de uma maior utilização por parte da Rússia", sublinha o especialista, que lembra que as sanções também visam várias empresas, incluindo aquelas que contribuem, mesmo que de forma indireta, para o fabrico de drones.

A vantagem dos drones

Se a Rússia só agora começou a intensificar o uso de drones, isso é algo que a Ucrânia faz desde o início da guerra. Logo nos primeiros dias de março, foram dados a conhecer os drones kamikazes Switchblade, que rapidamente os Estados Unidos enviaram para a Ucrânia.

A esses seguiram-se drones como os Bayraktar, o Punisher ou o Spectre, que juntos contribuíram para uma grande resistência aos avanços russos. É que, como explica Isidro de Morais Pereira, os drones têm uma grande vantagem face a outras armas aéreas: são muito mais baratos.

Enquanto algumas destas aeronaves não tripuladas custam 15 mil euros por unidade, há mísseis que chegam a custar mais de um milhão de euros por disparo. "São mais baratos e não implicam a formação de um piloto, que demora anos a formar", acrescenta o major-general, que lembra que, hoje em dia, grande parte dos drones são pilotados remotamente ou até autonomamente, com a utilização de coordenadas.

"Nesta guerra têm sido utilizados drones que se compram em superfícies comerciais, por exemplo, para encomendas. Estes são controlados remotamente num telemóvel, tablet ou outro dispositivo", exemplifica.

Além disso, a maior utilização destes aparelhos prende-se também com a maior amplitude da sua utilização. É que se podem servir para atacar alvos específicos, muitos servem também para questões de estratégia. Há drones que ajudam a localizar o inimigo, enquanto outros permitem perceber se determinados objetivos foram atingidos.

Destroços de um drone Shahed, comprados pela Rússia ao Irão (AP)

 

O drone Orlan-10 tem funcionado como elemento de localização (AP)

 

 

Os drones Switchblade chegaram à Ucrânia vindos dos Estados Unidos (AP)
O drone DJI é um dos mais comuns, normalmente são utilizados para transporte de mercadorias, e na guerra servem para reconhecimento(AP)

 

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