O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esta quarta-feira que a investigação da Rússia à queda do avião de Yevgeny Prigozhin vai incluir a possibilidade de esta ter sido deliberada. "É óbvio que diferentes versões estão a ser consideradas, incluindo a versão, e você sabe do que estou a falar, de que tenha sido uma atrocidade deliberada", disse Peskov, citado pela Reuters.
O porta-voz garantiu que a investigação à queda é uma investigação russa, fechando a porta a uma investigação internacional. A Rússia já rejeitou a ajuda do Brasil, país onde está sediada a Embraer, fabricante do jato que se despenhou.
A queda do avião na região de Tver, a noroeste de Moscovo, aconteceu a 23 de agosto, e matou todos os ocupantes – sete passageiros e três tripulantes. Além de Prigozhin, entre os passageiros estava Dmitry Utkin, fundador do Grupo Wagner.
O acidente aconteceu precisamente dois meses depois de uma revolta falhada contra o Kremlin. A presença do nome de Prigozhin na lista de passageiros levantou de imediato questões sobre a causa exata do desastre.
Vladimir Putin, presidente russo, só quebrou o silêncio cerca de 24 horas depois do acidente. Putin destacou que o líder do grupo Wagner "era um homem de negócios talentoso" mas que "cometeu erros graves ao longo da vida". Em declarações citadas pela Agência Reuters, Putin sublinhou ainda que o “conhecia desde os anos 90”.
Na sexta-feira, o Kremlin refutou as suspeitas de que a Rússia esteja envolvida na suposta morte de Prigozhin. Entretanto, esta terça-feira realizou-se o funeral do ex-líder do Grupo Wagner, numa cerimónia privada na qual marcaram presença apenas familiares e amigos mais próximos. Yevgeny Prigozhin está enterrado no cemitério de Porokhovskoe, nos arredores de São Petersburgo, a sua cidade-natal.