Para onde vão? Vão ser trocados? O que se sabe sobre os soldados ucranianos retirados da Azovstal - TVI

Para onde vão? Vão ser trocados? O que se sabe sobre os soldados ucranianos retirados da Azovstal

Sem água, comida, medicamentos, munições e sob constante ataque russo, a defesa da cidade-mártir de Mariupol tornou-se impossível para os soldados que lá resistiam

“Sem recursos e com muitas baixas”, é como descrevem a situação. Resistiram a todas as ofensivas russas em Mariupol, conquistando tempo precioso para o exército ucraniano se reorganizar e consolidar a defesa noutras regiões do país. Depois de mais de 82 dias, Kiev disse que precisa dos “heróis ucranianos vivos” e deu ordem aos combatentes que resistem no interior dos túneis do complexo metalúrgico da Azovstal para se entregarem às tropas inimigas. No entanto, o destino destes soldados está longe de ser claro. 

Na segunda-feira, mais de 260 soldados, incluindo 53 feridos, baixaram as armas e caminharam em direção ao inimigo, que horas antes os tentavam matar. Nas últimas 24 horas, esse número terá aumentado para 959, de acordo com o Ministério da Defesa russo.

“Os defensores de Mariupol cumpriram ordens, apesar das dificuldades, repeliram as forças avassaladoras do inimigo e permitiram que o Exército ucraniano se reagrupasse, treinasse mais pessoal e recebesse um grande número de armas dos países parceiros”, explicou o batalhão Azov nas suas redes sociais.

Segundo com as autoridades ucranianas, cerca de mil soldados, incluindo 600 feridos, ainda se encontram em Azovstal. Entre eles estão soldados do batalhão Azov, fuzileiros, forças de defesa territorial, polícias e civis que se juntaram à defesa da cidade-mártir, muitos dos quais ainda se encontram barricados no interior da fábrica.

“Para salvar vidas, toda a guarnição de Mariupol cumpriu a ordem aprovada pelo comando militar e aguarda o apoio do povo ucraniano”, acrescenta o batalhão Azov. Estes soldados foram transportados para a colónia penal de Olenivka, na região de Donetsk, controlada pelas forças pró-russas desde 2014.

No final de abril, a maior parte dos civis que se encontrava dentro do gigantesco complexo de túneis da fábrica foi retirado e transportado para regiões seguras, através de corredores humanitários, numa operação coordenada pelas Nações Unidas e pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha.

A estratégica cidade portuária de Mariupol foi devastada pelas forças russas desde o início da guerra em 24 de fevereiro. Cercada desde os primeiros dias do conflito, esta será a maior cidade conquistada pelas forças armadas russas.

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, porém, garante que está em curso "um processo de troca” de prisioneiros para que os soldados que defenderam Mariupol regressem à Ucrânia.

Ameaças de morte vindas de Moscovo

A Amnistia Internacional já veio publicamente manifestar “sérias preocupações” sobre o destino dos militares ucranianos que foram retirados do complexo. "Os soldados do batalhão Azov foram desumanizados pelos meios de comunicação russos e retratados na propaganda do [Presidente russo, Vladimir] Putin como 'neo-nazis' durante a guerra agressiva da Rússia contra a Ucrânia. Esta caracterização levanta sérias preocupações sobre o seu destino como prisioneiros de guerra", disse a Amnistia, numa declaração divulgada pela organização.

O alerta surge depois de a Amnistia Internacional já ter documentado casos de “execuções sumárias” de prisioneiros por parte de tropas pró-russas na região. Este receio ganhou outra dimensão quando o parlamento russo anunciou na terça-feira que vai considerar banir a troca de prisioneiros que sejam parte do batalhão Azov.

O Supremo Tribunal da Rússia anunciou, esta terça-feira, que vai deliberar, no próximo dia 26 de maio, se o Batalhão Azov será considerado como uma organização terrorista.

O deputado do partido de Vladimir Putin e membro da equipa de negociação de paz russa Leonid Slutsky afirmou mesmo que os soldados do batalhão Azov retirados da Azovstal são “animais em forma humana” e que devem receber a pena de morte.

"Eles não merecem viver depois dos monstruosos crimes contra a humanidade que cometeram e que são cometidos continuamente contra nossos prisioneiros", disse Slutsky perante o comité de assuntos internacionais da Duma.

No entanto, a versão oficial do Kremlin assegura publicamente que os prisioneiros que se entregaram vão ser tratados de acordo com as normas do direito internacional.

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