Portugal sondado para enviar caças F-16 para a Ucrânia - TVI

Portugal sondado para enviar caças F-16 para a Ucrânia

Caças F-16 da Força Aérea Portuguesa (Armando Franca/AP)

Ministério da Defesa recusa enviar aviões de combate, mas admite vir a treinar pilotos ucranianos e técnicos de manutenção

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Portugal foi sondado para avaliar a disponibilidade de pertencer a um grupo de países que podem vir a ceder caças F-16 à Ucrânia. Foi aquilo a que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou de “coligação de jatos”, e que serviria para que vários países do Ocidente enviassem aviões de combate para serem utilizados pelas tropas ucranianas na guerra.

Fonte oficial do Ministério da Defesa confirmou à CNN Portugal que “Portugal foi sondado – a par de outros países que detêm esta capacidade – para que avaliasse a disponibilidade para contribuir para a edificação de uma capacidade militar de aeronaves F-16”.

Apesar da abordagem, o Governo não está a ponderar enviar nenhum dos 28 caças que comprou aos Estados Unidos, mantendo, assim, a sua posição. “Neste momento, como anteriormente comunicado, não está a ser considerado o fornecimento de aeronaves à Ucrânia”, esclarece, ainda, o Ministério da Defesa.

Ainda assim, e apesar de recusar, para já, enviar caças F-16, “Portugal disponibilizou-se para avaliar o apoio na formação de pilotos e de técnicos de manutenção de aeronaves F-16 para a Ucrânia”. Na prática, o Estado não está disponível para dar F-16 à Ucrânia, mas pode vir a treinar pilotos ucranianos para este tipo de aviões.

O Governo lembra ainda que quatro F-16 com bandeira portuguesa continuam ao serviço da missão de policiamento aéreo da NATO, na Lituânia, um dos países da Aliança Atlântica que faz fronteira com a Rússia.

Uma missão que se iniciou a 1 de abril, com 85 militares da Força Aérea portuguesa, e que vai durar até 31 de julho. “Estes meios são ativados sempre que uma aeronave que sobrevoe o espaço aéreo internacional próximo das fronteiras da NATO não respeite as regras de tráfego aéreo”, acrescenta o Ministério da Defesa.

Em causa está, neste cenário, a vigilância da operação de países como a Rússia ou a Bielorrússia, sendo que têm sido frequentes os conflitos aéreos entre caças russos e aeronaves da NATO, como recentemente aconteceu no Mar Negro, mas também já aconteceu com uma aeronave portuguesa, que intercetou um avião do Kremlin no Mar Báltico.

Portugal tem, atualmente, 28 caças F-16, divididos pelas esquadras 201 - "Falcões" e 301 - "Jaguares".

Doação é decisão bilateral

O secretário-geral da NATO avisou os Estados-membros da Aliança para o perigo de se fazerem acordos bilaterais com a Ucrânia. Jens Stoltenberg teme que alguém vá mais além do que o devido, e que coloque em perigo a ativação do artigo 5.º, que obrigaria os restantes países a entrar num conflito armado.

Não obstante, o Governo português recorda que “a doação de material à Ucrânia é uma decisão bilateral, entre países, e da exclusiva competência das nações, não tendo a NATO interferência nesses processos”.

“O apoio militar prestado pelo Governo português em resposta às solicitações das entidades ucranianas é, adicionalmente, e como acontece com todos os outros aliados e parceiros da Ucrânia, articulado com o Ukraine Defense Contact Group, que reúne mais de 50 países que apoiam Kiev na resposta à invasão perpetrada pela Rússia”, reitera o Ministério da Defesa.

Apoio entregue e mais a caminho

Desde o início da guerra, Portugal já entregou 712.200 quilos de armamento e material de apoio à Ucrânia, estando prevista a entrega de mais 250.350 quilos nos próximos meses, num apoio que supera as 950 toneladas de material letal e não letal.

Da lista de bens entregues pelo Ministério da Defesa fazem parte três carros de combate Leopard, seis drones, ou metralhadoras pesadas. Em breve, segundo a lista disponibilizada pelo Governo, espera-se a entrega de seis helicópteros pesados, munições e viaturas blindadas.

Material enviado por Portugal para a Ucrânia
Material Data de entrega
Armamento (espingardas automáticas, assessórios diversos) 1.º trimestre de 2022
Equipamentos de proteção (capacetes, coletes balísticos, óculos de visão noturna) 1.º trimestre de 2022
Equipamento de comunicações 1.º trimestre de 2022
Material médico e sanitário 1.º trimestre de 2022
Munições (inc. 7,62mm; 60mm; 120mm) 1.º trimestre de 2022
Armamento (metralhadoras pesadas) 2.º trimestre de 2022
Material médico e sanitário 2.º trimestre de 2022
Sistemas aéreos não tripulados (6 unidades) 2:º trimestre de 2022
Kits de primeiros socorros em combate 3.º trimestre de 2022
Viaturas blindadas de transporte de pessoal M113 (14 unidades) e respetivo armamento 3.º trimestre de 2022
Carros de combate Leopard 2A6 (3 unidades) 1.º trimestre de 2023
Equipamento médico e sanitário 1.º trimestre de 2023
Geradores p/produção de eletricidade (62 / 200KvA) (8 un.) 1.º trimestre de 2023
Munições (inc. 120mm) 1.º trimestre de 2023
Viaturas blindadas de transporte de pessoal M113 (14 unidades) e respetivo armamento 2.º trimestre de 2023
Helicópteros pesados multipropósito (KA32A11BC, 6 ununidades) Para ser entregue
Munições (inc. 105mm) Para ser entregue
Viaturas blindadas de transporte de pessoal M113 (3 unidades) e M577 (2 unidades) em versão de socorro e apoio médico Para ser entregue

Portugal lembra ainda que 20 militares fazem parte da missão da União Europeia de assistência militar à Ucrânia, encontrando-se a treinar soldados ucranianos, nomeadamente na inativação de engenhos explosivos, proteção nuclear, biológica, química e radiológica, bem como na formação médica. Anteriormente, já tinha sido disponibilizada a possibilidade de treino de carros de combate Leopard 2.

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