"Relaxámos e não levou muito para nos esmagarem": Rússia mata vários soldados ucranianos em cerimónia e obriga Zelensky a lançar investigação - TVI

"Relaxámos e não levou muito para nos esmagarem": Rússia mata vários soldados ucranianos em cerimónia e obriga Zelensky a lançar investigação

128.ª Brigada de Assalto de Montanha da Ucrânia (Dmytro Smolienko/Getty Images)

Ministério da Defesa da Ucrânia promete uma "investigação a fundo". Entretanto já houve uma reação e um navio com mísseis russos foi destruído na Crimeia

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Era suposto ter sido uma cerimónia de comemoração para a 128.ª Brigada de Assalto de Montanha do exército da Ucrânia, mas acabou em tragédia. Pelo menos 20 soldados morreram e vários civis ficaram feridos, num caso que motivou o Ministério da Defesa de Kiev a lançar uma investigação imediata, para que se perceba como a Rússia descobriu que havia um ajuntamento de militares em Zarichne, uma localidade da região de Zaporizizhia, na linha da frente de batalha.

Um dos membros da brigada que estava no local confessou ao The Washington Post que algo tem de ter corrido mal para que isto tenha acontecido. Em condição de anonimato, o militar disse que houve uma “falha do comando, porque deviam ter dito ‘muito bem, vamos entregar as medalhas por unidades e voltar para as trincheiras’”.

“Em resumo, relaxámos, e não levou muito tempo para nos esmagarem”, acrescentou o militar, lamentando aquilo que diz ter sido uma falha da liderança daquela brigada.

O ministro da Defesa da Ucrânia garantiu que será feita uma “investigação a fundo” ao caso, aproveitando para lamentar a perda de mais de 20 soldados durante a comemoração do Dia da Artilharia.

"Soldados foram mortos, e habitantes locais também ficaram feridos com diferentes graus de gravidade", disse Rustem Umerov.

O presidente da Ucrânia também pediu uma investigação célere, dizendo que é necessário apurar "toda a verdade sobre o que aconteceu" em Zaporizhzhia, para que se previna algo semelhante de voltar a acontecer. "Todos os soldados na zona de combate sabem como se comportar a céu aberto, como se devem cuidar", sublinhou Volodymyr Zelensky, que pediu "respostas honestas" para os familiares das vítimas e para a sociedade ucraniana.

Do lado russo os números são mais elevados. Diz Moscovo que o ataque, que foi realizado com mísseis Iskander, matou mais de 30 soldados ucranianos, o mesmo número avançado pela fonte do lado ucraniano ao The Washington Post, sendo que, entre as vítimas mortais estarão vários oficiais de topo: "Todas as unidades de artilharia, as melhores equipas, estavam reunidas", referiu.

"O 'Olho de Sauron' [referência ao 'O Senhor dos Anéis', de J.R.R. Tolkien] está constantemente a vigiar-nos, e qualquer coisa maior que três pessoas é um bom alvo", acrescentou o militar ucraniano, comparando o exército russo ao vilão da história de ficção.

O governador da Transcarpátia, região do sudoeste da Ucrânia onde a 128.ª brigada se costumava reunir, anunciou um período de luto de três dias, ordenando que todas as bandeiras sejam colocadas a meia-haste, pedindo ainda momentos de silêncio e vários serviços religiosos em nome dos mortos.

Reação imediata da Ucrânia

No mesmo dia em que se soube do ataque russo a Zaporizhzhia, a Força Aérea ucraniana anunciou que um dos seus mísseis atingiu um navio russo com mísseis de cruzeiro Kalibr num estaleiro na cidade portuária de Kerch, na Crimeia.

A informação foi confirmada pelo comandante da Força Aérea, o tenente-general Mikola Oleschuk, na sua conta no Telegram, depois de as Forças Armadas ucranianas terem relatado no sábado que tinham atacado infraestruturas marítimas e portuárias em Kerch, conforme relatado pela agência de notícias Ukrinform.

Por seu lado, o Ministério da Defesa russo reconheceu “danos” num navio e acrescentou que os sistemas antiaéreos russos abateram 13 dos 15 mísseis de cruzeiro lançados pela Ucrânia contra o estaleiro Butoma.

"Alguns restos dos mísseis caídos caíram no território de uma das docas secas. Não houve vítimas", disse o governador da Crimeia, Sergei Aksenov, no Telegram, conforme noticiado pela agência de notícias russa Interfax.

Em abril de 2022, Moscovo confirmou que o navio de guerra “Moskva”, um dos principais ativos da frota russa, afundou enquanto era rebocado após sofrer um incêndio na sequência de um ataque do exército ucraniano.

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