Rússia atinge Kiev com drones kamikaze iranianos que o Irão nega ter cedido. Ucrânia pede antiaéreas a Israel - TVI

Rússia atinge Kiev com drones kamikaze iranianos que o Irão nega ter cedido. Ucrânia pede antiaéreas a Israel

  • CNN Portugal
  • BC
  • 17 out 2022, 10:19

Ataques no centro da capital ucraniana fizeram pelo menos três mortos. Quase 20 pessoas tiveram de ser resgatadas de um edifício residencial que ficou reduzido a escombros

Putin disse que não havia necessidade de novos "ataques maciços", depois dos bombardeamentos a várias cidades ucranianas na semana passada - uma alegada resposta à explosão na ponte russa da Crimeia. Mas os alarmes voltaram a soar na madrugada desta segunda-feira em várias localidades da Ucrânia, nomeadamente em Kiev, onde o autarca local confirmou pelo menos duas explosões no distrito central de Shevchenkiv. Há três vítimas mortais em resultado de um ataque com drone a um edifício residencial.

Vitali Klitschko revelou ainda que Kiev foi atingida por 28 drones. A Força Aérea ucraniana, citada pela Reuters, garantiu que abateu entre 85% e 86% dos drones envolvidos nos mais recentes ataques.

Os alarmes na capital ucraniana fizeram-se ouvir pelas 6:25 - menos duas horas em Lisboa -, algo relativamente comum e que já faz parte da rotina de quem ali vive. Mas aos avisos sonoros seguiram-se mesmo várias explosões: segundo o The Guardian, algumas ocorreram entre as 6:35 e as 6:58, repetindo-se pelas 8:15.  Ao todo, indica a BBC, terão sido pelo menos cinco explosões.

Andriy Yermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, confirmou no Telegram os ataques, detalhando um pormenor importante: "A capital foi atacada por drones kamikaze", escreveu. "Precisamos de mais sistemas de defesa antiaérea e o mais breve possível. Não temos tempo para ações lentas. Mais armas para defender o céu e destruir o inimigo", escreveu Yermak. "Os russos acham que isto vai ajudá-los mas estas ações parecem mais desespero", referiu ainda. 

Os drones kamikaze são mais baratos e menos sofisticados do que os mísseis, mas têm-se revelado igualmente letais, capazes de causar danos nos alvos no solo. São conhecidos como munição de espera porque conseguem aguardar durante algum tempo numa zona identificada como alvo potencial e só atacam quando é identificado um ativo inimigo. São pequenos, portáteis e podem ser lançados facilmente, mas a sua principal vantagem é que são difíceis de detetar e podem ser disparados à distância. Chamam-lhes kamikaze porque são descartáveis, ou seja, concebidos para serem destruídos no ataque, ao contrário dos drones militares tradicionais, que são maiores e mais rápidos, capazes de regressar à origem depois de largarem mísseis.  

Os Shahed-136, de fabrico iraniano, têm capacidade de transportar explosivos a distâncias de quase 2.500 quilómetros. O Irão, porém, já veio negar mais uma vez que tenha fornecido armamento a qualquer um dos lados em conflito, ainda que responsáveis ucranianos no terreno garantam que, entre os destroços, há armamento iraniano que só pode ter sido fornecido a Moscovo. 

Um dos drones kamikaze captado esta segunda-feira a sobrevoar Kiev, antes de atingir o alvo (Foto: Getty Images)

Outro conselheiro de Zelensky, Anton Gerashchenko, também escreveu nas redes sociais que Kiev tinha sido atacada por "drones iranianos", acrescentando que o objetivo seria atingir "um objeto da infraestrutura de energia". E acrescentou que estes drones terão sido provavelmente produzidos para atacar Israel. "Pedimos a Israel para nos fornecer sistemas de defesa antiaérea e armas defensivas - são criticamente importantes quando estamos a lidar com terroristas", concluiu Gerashchenko.

Os serviços de emergência acorreram aos locais atingidos. O presidente da câmara de Kiev, Vitaliy Klitschko, confirmou que duas das explosões ocorreram no distrito central de Shevchenkiv e que pelo menos duas pessoas ficaram presas sob os escombros de um edifício residencial atingido e outras 18 foram resgatadas com vida. Pouco depois, foi confirmado o óbito de três vítimas, que terão ficado soterradas.

Segundo a imprensa internacional, na madrugada desta segunda-feira foram registados ataques também na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, e em Dnipropetrovsk, no sul da Ucrânia, onde chegou mesmo a deflagrar um incêndio numa infraestrutura energética atingida por um míssil. 

Dmytro Zhyvytskyi, governador de Sumy, garantiu no Telegram que o ataque "fez vítimas" no distrito de Romensky. 

Volodymyr Zelensky não demorou a reagir aos ataques russos. Nas redes sociais, o presidente da Ucrânia escreveu que o inimigo aterrorizou a população civil durante toda a noite e toda a manhã. "Drones kamikaze e mísseis estão a atacar toda a Ucrânia. Um edifício residencial foi atingido em Kiev", revelou Vodolymyr Zelensky. "O inimigo pode atacar as nossas cidades mas não será capaz de nos vergar. Os ocupantes só terão o justo castigo e condenação das futuras gerações. E nós conseguiremos a vitória".

Também o primeiro-ministro ucraniano lamentou os ataques em Kiev: "Hoje, a Rússia voltou a atacar edifícios civis e infraestruturas de energia na Ucrânia. Um edifício de apartamentos em Kiev está entre os alvos dos terroristas. Pessoas ficaram feridas. A resposta do mundo a estes crimes tem de ser clara: mais apoio à Ucrânia e mais sanções contra o agressor", pediu Denys Shmyhal. 

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