Ucrânia: Putin diz que a Rússia está pronta para acordos - TVI

Ucrânia: Putin diz que a Rússia está pronta para acordos

  • CNN Portugal
  • PP, com Lusa (atualizado às 17:15)
  • 9 dez 2022, 14:14
Vladimir Putin

Presidente russo admite ainda que o país tem enfrentado alguns problemas relacionados com o abastecimento de equipamentos e roupas às tropas no terreno e que isso tem afetado os combates, nos últimos meses, no país vizinho

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Vladimir Putin afirmou esta sexta-feira que a Rússia está pronta para acordos, escreve a agência Reuters. O presidente russo falou numa conferência de imprensa em Bishkek, a capital e maior cidade do Quirguistão.

Apesar de ter estar pronto para a procura de acordos, Putin acusou os participantes envolvidos nos acordos de Minsk de terem enganado a Rússia e enviado armas para a Ucrânia. Para a nova etapa, o presidente Putin diz precisar de garantias e assume haver um problema de confiança, acrescenta a agência Reuters.

“No final teremos de chegar a um acordo. Já disse várias vezes que estamos prontos para essas negociações, estamos abertos, mas isso obriga-nos a pensar com quem estamos a lidar”, disse.

Vladimir Putin reagia a comentários recentes da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que disse que o acordo de Minsk de 2014, entre Moscovo e Kiev, assinado sob a égide da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), deu à Ucrânia tempo para se fortalecer e enfrentar um conflito armado com a Rússia.

“O acordo de Minsk de 2014 foi uma tentativa de dar tempo à Ucrânia. Aproveitou-se disso, como vemos hoje. A Ucrânia de 2014/2015 não é a Ucrânia de hoje (...) No início de 2015, Putin podia esmagar facilmente” o país, considerou Merkel, em declarações ao jornal alemão Die Zeit.

O acordo de Minsk 1 (em 2015 foi assinado um segundo) estabelecia um cessar-fogo entre o exército ucraniano e os separatistas russos de Lugansk e Donetsk, territórios pró-Rússia no leste da Ucrânia. A Ucrânia concedia autonomia às duas regiões separatistas em troca da recuperação da fronteira leste com a Rússia, o que nunca aconteceu.

O acordo foi considerado extinto quando Putin anunciou, em setembro passado, que tinha anexado os dois territórios em causa, mas, na verdade, também nunca tinha saído do papel até porque as duas partes tinham interpretações diferentes sobre o texto.

Ainda assim, foi considerado, em conjunto com o segundo acordo de Minsk, no ano seguinte, uma garantia de paz na Europa. Os comentários de Angela Merkel foram vistos por Putin como “uma desilusão” porque “obviamente levantaram a questão da confiança”.

Numa altura “em que a confiança já é quase zero, a questão fica mais complicada depois de tais declarações: como é que chegamos a um acordo? Podemos dar-nos bem com alguém? Com que garantias?”, questionou o Presidente russo.

“Talvez devêssemos ter começado antes [a ofensiva na Ucrânia], mas, na verdade, estávamos a contar com a possibilidade de chegar a um acordo dentro da estrutura de Minsk”, argumentou.

O presidente russo admitiu ainda que, neste momento, o país tem enfrentado alguns problemas relacionados com o abastecimento de equipamentos e roupas às tropas no terreno e que isso tem afetado os combates, nos últimos meses, na Ucrânia. Os constrangimentos estão relacionados com os 300 mil homens mobilizados em setembro e outubro para a frente de combate.

Por isso mesmo avançou que a Rússia, por agora, não precisa de uma nova vaga de mobilizações, até porque há 150 mil homens retidos, à espera de serem enviados para o terreno. Ou seja, dos 300 mil russos mobilizados, apenas metade seguiu para a Ucrânia.

Apesar das palavras do presidente em relação à mobilização, que não são novas segundo a Reuters, o Kremlin tem recusado suspender o decreto oficial que permite a mobilização dos homens russos para o conflito, e a população continua a temer que mais sejam chamados.

      

Vladimir Putin reagia a comentários recentes da ex-chanceler alemã Angela Merkel, que disse que o acordo de Minsk de 2014, entre Moscovo e Kiev, assinado sob a égide da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), deu à Ucrânia tempo para se fortalecer e enfrentar um conflito

A ofensiva militar da Rússia na Ucrânia foi lançada a 24 de fevereiro e justificada por Vladimir Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia.

A invasão foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.702 civis mortos e 10.479 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

 
 

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