O que é a gripe das aves?
A gripe das aves é causada pelo vírus da família Orthomyxoviridae e do género Influenza A. O subtipo H5N1 é o que mais recentemente chamou a atenção, mas já é conhecido desde 1961, mas há vários, como o também conhecido H7N9.
A gripe A é a mesma que a gripe A das aves?
“Não. A gripe A das aves é uma doença provocada por um vírus influenza A de origem animal. Ou seja, cuja transmissão ocorre de animais a humanos”, lê-se no site do SNS.
Esta gripe é exclusiva de aves?
Não. Como explica a ASAE no seu site, esta gripe pode ser contraída pelo homem, mas também por diferentes animais, “como o cavalo, o porco e as aves, causando doença grave em todas estas espécies”.
Pode afetar animais domésticos?
Sim. Segundo a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), “os vírus da gripe aviária de alta patogenicidade que circulam desde 2021 têm sido detetados em numerosas espécies de mamíferos, tanto domésticos como selvagens”. No que toca aos animais domésticos, são os gatos e os cães as espécies mais frequentemente atingidas.
Como se transmite?
“A gripe das aves transmite-se, predominantemente, do mesmo modo que a gripe dos humanos, ou seja, por via aérea. A via aérea permite uma transmissão eficaz entre animais da mesma espécie e de espécies diferentes”, explicou o pneumologista Filipe Froes à CNN Portugal. Segundo o site do Serviço Nacional de Saúde (SNS), pode haver ainda contágio quando o vírus entra nos olhos, nariz ou boca, “ou seja, através do contacto direto ou contacto com superfícies” onde estiveram os animais.
Qual o período de incubação?
O período de incubação da infecção por A(H5N1) em humanos é de cerca de dois a quatro dias, mas pode ir até aos oito dias.
Quais os sintomas?
A gripe das aves manifesta-se nos humanos sob a forma de uma síndrome gripal típica, com febre, tosse, odinofagia e mialgias, como explica a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que indica que podem ainda ocorrer infeções oculares, pneumonias e síndromes respiratórias graves, como a Síndrome de Dificuldade Respiratória do Adulto. “Para além disso, há evidência de que possam ocorrer quadros atípicos com sintomas neurológicos e gastrenterológicos (diarreia)”, como se lê no artigo de revisão A gripe H5N1: o que saber e o que esperar, publicado na Revista Portuguesa da Sociedade de Medicina Interna.
Como é o tratamento?
Este pode variar de pessoa para a pessoa e da gravidade da doença, mas a administração de antivirais é o tratamento padrão.
A gripe das aves pode matar?
Sim. Nos humanos, as taxas de mortalidade do H5N1 são superiores a 50%.
Quando aconteceu o primeiro surto de H5N1?
O primeiro surto de gripe das aves provocada pelo vírus H5N1 ocorreu em Hong Kong, em 1997. Na altura, foram abatidas mais de 1,5 milhões de aves e morreu uma criança. Ao todo, foram infectadas 18 pessoas neste primeiro surto.
Quando é que este vírus foi detetado pela última vez em Portugal?
Em agosto deste ano a DGAV revelou que a doença foi detetada numa exploração caseira de animais de capoeira, em Chafé, no distrito de Viana do Castelo. No entanto, o vírus já tinha sido encontrado em gaivotas recolhidas nas praias de Espinho, Aveiro, e entre as praias de Vieira de Leiria e Pedrógão, em Leiria.
O que se deve fazer quando o vírus é detetado?
“A Gripe Aviária é uma doença de notificação obrigatória para a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para a União Europeia e a nível nacional”, o que quer dizer que “deve ser de imediato reportada aos serviços regionais e locais da DGAV pelos produtores, comerciantes, industriais, transportadores, médicos veterinários, caçadores ou outras pessoas que lidem com os efetivos avícolas e com as aves selvagens”, como explica a DGAV.
Portugal já teve casos em humanos?
Até ao momento, não.
O caso do jovem no Canadá é único no mundo?
Não, mas é o primeiro no país. Já houve casos em humanos em Hong Kong, Vietname, Tailândia, Cambodja, México e Reino Unido, como detalha a BBC. Este ano, o vírus H5N1 voltou a estar no centro das atenções depois de as autoridades norte-americanas terem revelado dois casos em humanos (após contágio em vacas leiteiras) e a Austrália ter anunciado também o seu primeiro caso em pessoas.
Quantas pessoas já foram infectadas pela gripe das aves?
Entre o início de 2023 e o primeiro dia de abril de 2024, a OMS indicou ter registado um total de 889 casos humanos de gripe aviária em 23 países. Neste período de tempo morreram 463 pessoas.
Há o risco de pandemia?
Sim. Miguel Castanho, investigador principal no Instituto de Medicina Molecular, esclarece que o vírus em causa, o H5N1, “tem um determinado potencial de se transformar em pandemia”. O especialista diz que a ocorrência de gripe das aves em humanos “não é assim tão frequente, mas não é rara”, ainda assim, deixa o aviso: “Temos de estar atentos”, até porque, exemplifica, “a pandemia de gripe espanhola começou com a transmissão de gripes das aves para humanos que se adaptou a humanos”. Também um artigo publicado na revista British Medical Journal avisa que “o perigo e o risco de um grande surto de H5N1 são grandes, plausíveis e iminentes”.