Encontrou a casa de férias perfeita para alugar e decidiu contactar o anfitrião; o dono decide desviar a conversa para o Whatsapp e informa que deve pagar uma caução antecipadamente para reservar o lugar. Estes sinais podem ser o suficiente para fazer soar um alerta, mas antes de tomar qualquer decisão, veja como pode evitar e denunciar burlas.
Comparar, comparar, comparar
Em conversa com Sofia Lima, jurista da Deco Proteste, a especialista defende que uma das primeiras coisas que se deve ter em consideração é desconfiar relativamente a ofertas que pareçam demasiado boas e com valores muito baixos. Para saber se este é o seu caso, a jurista recomenda a comparar ofertas na mesma área.
Por norma existe uma certa concorrência e se existe um valor que é demasiado baixo, isso poderá ser motivo para desconfiar. Não significa que um proprietário não decida pôr um valor um bocadinho mais baixo do que é normal, estas situações podem ocorrer. Mas, se for um valor muito grande, se calhar é motivo para desconfiar”.
Neste mesmo sentido, a jurista da Deco Proteste defende ainda que devemos também ter cuidado com as fotografias dos anúncios, que podem ser retiradas da internet, pelo que recomenda a tentar obter fotos de outros ângulos em caso de dúvida. Por outro lado, comparar ofertas também pode ser útil pois, caso a oferta seja fraudulenta, pode mesmo encontrar o proprietário legítimo noutra plataforma.
Não ceder a pressões
A especialista da Deco Proteste recomenda ainda a não ceder a qualquer tipo de pressão já que a sua finalidade é, geralmente, assegurar uma transferência bancária rapidamente. Para este fim, os burlões podem dizer coisas como “temos outros interessados”, ou que tem de fazer rapidamente a transferência para assegurar a reserva, mas neste aspeto a "imaginação não tem limites", ressalva a jurista.
Sofia Lima sublinha que não deve ser feito qualquer pagamento enquanto não houver certezas do que se está a contratar, já que dificilmente será possível, ou praticamente impossível, recuperar algum valor perdido para uma burla.
Por outro lado, “nas alturas de maior procura, é natural que se peça um determinado valor para assegurar a reserva”, mas isto é algo que pode variar de caso para caso, e também da própria plataforma onde a reserva está a ser feita. Em algumas plataformas, por exemplo, o valor da reserva é pago por inteiro ainda antes da estadia.
Verifique o número de alojamento local
Se persistirem dúvidas, pode também verificar se existe um número de registo de alojamento local associado à residência, esclarece Sofia Lima. Este número pode ser disponibilizado pelo próprio alojamento na plataforma onde a casa se encontra publicitada, mas também é possível fazer uma pesquisa no portal Registo Nacional de Turismo e verificar se o alojamento em causa está, efetivamente, registado.
Atenção aos desvios para fora da plataforma
A Deco Proteste alerta também para o risco que pode existir quando os burlões tentam desviar a conversa para aplicações externas, como o Whatsapp, alegando que vivem no estrangeiro, por exemplo. Em situações limite, a jurista garante que há mesmo burlões que, após já feita uma transferência, podem ainda pedir uma nova transferência.
Como tal, a jurista aconselha que, na “medida do possível”, todas as transações e os procedimentos da reserva sejam feitos dentro da plataforma já que esta é a melhor forma que as pessoas têm para se salvaguardar.
Como denunciar
Tratando-se efetivamente de uma burla, Sofia Lima explica que poderá denunciar o caso às autoridades policiais como a PSP ou a GNR. Dependendo da situação, existe mesmo um gabinete do cibercrime da Procuradoria-Geral da República, e o mesmo para o Centro Nacional de Cibersegurança. Mas, “as autoridades policiais serão a primeira abordagem a fazer”, ressalva a Deco Proteste.