São 80 as vítimas mortais confirmadas nos devastadores incêndios florestais em Maui, de acordo com os oficiais do condado de Maui, citados pela Reuters.
O governador do Havai, Josh Green salienta que os corpos das vítimas foram encontrados ao ar livre, "enquanto as pessoas tentavam escapar aos incêndios", e não dentro dos prédios.
Por isso, é provável que o número de vítimas continue a aumentar à medida que decorrem as operações de busca e que os operacionais entrem nos edifícios destruídos pelas chamas. "Sem dúvida, haverá mais vítimas. Não sabemos, em última análise, quantas terão ocorrido", disse Green.
Equipas de busca e resgate com cães da Califórnia e Washington já estão na ilha de Maui, de acordo com a Agência Federal de Gestão de Emergências.
A televisão local mostrou imagens dos carros em fila na única estrada de acesso a Lahaina quando os residentes tiveram autorização para regressar à cidade. O governador estimava que cerca de 80% da cidade, polo económico da região, tinha sido destruída pelos incêndios. "Bloco após bloco, só se vê apenas cinza. Algumas paredes de cimento e pedra ainda estão de pé, mas é difícil ver o que elas eram", relatou Bill Weir, da CNN.
O condado do Havai criou uma task-force para ajudar a população, por exemplo ajudando as pessoas a encontrar um sítio para morar provisoriamente, disse o presidente da Câmara Mitch Roth.
Uma enorme quantidade de pessoas tem procurado a ajuda dos bancos de alimentos, disse o diretor executivo do Maui Food Bank, Richard Yust, que explicou que os recursos na ilha são limitados. As pessoas precisam de comida, água, produtos de limpeza e produtos de higiene, disse. O governo federal anunciou o envio de comida e água suficientes para sustentar 5 mil pessoas durante cinco dias, informou a Casa Branca.
Sirenes não foram ativadas
Entretanto, surgiu um debate sobre o motivo de as sirenes de alerta de Maui não terem sido ativadas quando o incêndio em Lahaina começou na terça-feira, como mostram os registos da Agência de Gestão de Emergências do Havai.
"As sirenes são usadas para alertar o público de que deve procurar informações adicionais; não indicam necessariamente uma evacuação", disseram as autoridades de emergência. No entanto, outros alertas foram ativados - incluindo alertas de telemóveis e mensagens em televisões e estações de rádio.
"É muito cedo para dizer. Grande parte do equipamento foi destruído pelo fogo e é um local muito remoto. Mas nunca diminuiríamos qualquer tipo de responsabilidae", garantiu o governador Josh Green à NBC. "Estou muito relutante em culpar alguém. Estávamos a lutar contra vários incêndios que estavam a acontecer. É claro que estamos, como toda a gente, a lidar com fenómenos extremos, aquecimento global, seca... E então, quando a tempestade passou ao sul do Havai, enviou aqueles ventos...”
Além disso, vários comentadores consideram que as autoridades do Havai subestimaram a ameaça mortal dos incêndios florestais. Elizabeth Pickett, co-diretora executiva da organização sem fins lucrativos Hawaii Wildfire Management Organization, criticou a resposta do estado, numa entrevista ao Honolulu Civil Beat. Pickett é a co-autora de um relatório de 2014 que alertava para o risco crescente de incêndios florestais em Lahaina. "Continuamos a ouvir de certos políticos eleitos e outras pessoas citadas pelos media: 'Não tínhamos ideia, isto não tem precedentes.' Nós trabalhamos há muito tempo para tentar aumentar os nossos esforços na redução de riscos. O incêndio poderia não ser 100% evitável, mas poderia ter sido mitigado. Poderia ser mais reduzido.”