Como a Ucrânia está a fazer a Rússia gastar milhões a destruir HIMARS feitos de madeira - TVI

Como a Ucrânia está a fazer a Rússia gastar milhões a destruir HIMARS feitos de madeira

Sistema de lançamento de mísseis HIMARS (AP)

O exército russo pode já ter gasto mais de 65 milhões de euros a destruir algumas tábuas de madeira em forma de lançador de foguetes

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Desde que entraram no teatro de operações, os sistemas de lança-foguetes múltiplos guiados HIMARS passaram a ser um dos principais alvos do exército russo. E não é caso para menos. Estas armas permitiram ao exército ucraniano atacar com um elevado grau de precisão alvos que antes estavam fora do seu alcance, bem no interior do território controlado pelos ocupantes russos. O resultado foram mais de 50 depósitos de munições destruídos, mais de uma dezena de postos de comandos, radares e instalações militares.

Esse cenário levou as mais altas patentes russas a não pouparem esforços num jogo de gato e rato, com o objetivo de descobrir e destruir estas armas. Porém, o exército ucraniano está a utilizar uma velha tática militar para enganar o exército russo e levá-lo a gastar milhões durante o processo. A Ucrânia construiu uma frota de réplicas de HIMARS de madeira com o propósito de confundir os russos.

Segundo fotografias analisadas pelo jornal The Washington Post, os ucranianos estão a utilizar réplicas destes sistemas quase indistinguíveis aos olhos dos operadores dos drones russos encarregados de descobrir estes alvos. Assim que os russos detetam a localização de um destes sistemas, disparam um míssil cruzeiro de alta precisão para o destruir, desperdiçando milhões de euros no processo. O míssil mais utilizado pelas tropas russas, o Kalibr-M, que é lançado dos navios da frota do Mar Negro, tem um preço estimado em 6,5 milhões de euros.

“Quando os drones veem a bateria, é como um alvo de elevada prioridade”, disse um alto funcionário ucraniano ao jornal norte-americano, referindo-se a veículos aéreos não tripulados que têm como função encontrar réplicas de artilharia de longo alcance.

Após várias semanas de utilização no terreno, estes falsos HIMARS já precipitaram o exército russo a disparar pelo menos 10 Kalibr, o equivalente a 65 milhões de euros, contra algumas tábuas de madeira em forma de lançador de foguetes.

O lado russo, através do ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirma ter destruído vários destes sistemas. Alegação prontamente desmentida pelos Estados Unidos da América, que classificaram as declarações como falsas.

A utilização de réplicas de armamento ainda não tinha sido reportada neste conflito e demonstra a capacidade por parte do exército ucraniano de se adaptar às condições encontradas no terreno, particularmente numa altura em que os exércitos modernos utilizam veículos aéreos não tripulados para fazer o reconhecimento do terreno e obter informação sobre o armamento que o outro exército dispõe.

Esta estratégia enquadra-se naquilo a que os especialistas chamam de “guerra assimétrica” e que visa criar um equilíbrio de forças, num conflito em que um dos lados dispõe de um número de recursos e capacidades mais elevado do que o outro. Estes aspetos indicam também que a guerra pode estar a entrar numa nova fase, em que se torna menos móvel e cada vez mais estática, um pouco como na Primeira Guerra Mundial.

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