Quem é afinal o misterioso rapper que joga na Liga Inglesa (ou será que ele existe mesmo)? - TVI

Quem é afinal o misterioso rapper que joga na Liga Inglesa (ou será que ele existe mesmo)?

Dide

Inglaterra foi inundada nos últimos dias por um fenómeno que tem dado que falar: chama-se Dide, canta rap e diz que é um jogador do topo do futebol profissional. Tapa a cara e cobre o corpo para não ser reconhecido, o que só adensa o mistério. Os adeptos fazem especulações e a imprensa consulta especialistas para tentar adivinhar quem será o jogador misterioso. Enquanto isso, o sucesso de Dide não pára de crescer.

O palco mediático inglês foi invadido nos últimos dias por um fenómeno que tem dado que falar: chama-se Dide, é um rapper e garante que joga na Liga Inglesa.

Para adensar o mistério, surge com uma máscara a tapar-lhe a face e com o corpo coberto: até as mãos vestem luvas, tornando impossível identificar tatuagens, por exemplo.

Apresenta-se como «rapper em casa e futebolista no relvado», lançou há cerca de uma semana a primeira música, garante que a bola e o rap o fazem feliz em partes iguais e canta coisas como «a minha equipa continua a ganhar» ou «cada jogo é uma final».

«Vindo do Reino Unido, Dide é um mascarado e sensação do hip-hop. Mantém a vida no futebol da Premier League em separado da sua música evocativa e veste um disfarce adornado com rosas. Enquanto vive a vida luxuosa de um futebolista, Dide revela a sua profundidade e complexidade através de músicas poderosas», pode ler-se no site oficial.

Ora a verdade é que tudo isto criou um enorme impacto em Inglaterra.

As redes sociais encheram-se de teorias, a imprensa fez artigos sobre o mistério e Dide tornou-se um fenómeno. Verdadeiramente um fenómeno, com uma exposição enorme.

No espaço de uma semana, a single de estreia «Thrill» foi visto no Youtube mais de um milhão de vezes. O que é, de facto, um número extraordinário.

«Vocês sabem como é, vão colocar a notícia nos jornais e perguntar Que jogador é este?, eu vou esconder a minha cara, uso a máscara nos vídeos, eu estou no controlo. Piso uma bola quando ponho o pé de fora, mas não  exponho fotos. Estou habituado aos flashs, por isso sei como é», canta neste single inicial da carreira.

Mas quem pode ser afinal Dide?

Na realidade ninguém sabe exatamente, mas há várias teorias. A maior parte delas apontam para Eddie Nketiah, avançado inglês de 23 anos, natural de Londres e jogador do Arsenal.

Antes de mais, por causa das letras. «Cada jogo é uma final» tem sido o lema do Arsenal esta temporada, o que somando «a minha equipa continua a ganhar» remete muito para a formação de Mikel Arteta, e por arrasto também para Eddie Nketiah.

Depois porque Dide tem sotaque londrino e porque o vídeoclip do primeiro single se passa no sul de Londres. Finalmente porque se especula que Dide pode ser um anagrama de Eddi, o diminutivo pelo qual é mais conhecido Edward Nketiah.

A BBC foi mais longe, no entanto. O canal estatal britânico recorreu à inteligência artificial para tentar perceber que jogador da Liga Inglesa podia afinal ser Dide.

Um investigador isolou então a voz do tal single «Thrill» e pediu à inteligência artificial que a comparasse com declarações de vários jogadores ingleses. No fim dois nomes sobressaíram.

«O que eu fiz foi separar a voz de Dide em fragmentos de um segundo. Basicamente entre 10 e 20 por cento desses fragmentos soam como a voz de Wilfried Zaha. A grande maioria, no entanto, soa como Eddie Nketiah», explicou o investigador.

Provavelmente insatisfeita com o resultado, a BBC ainda foi mais longe e consultou dois conhecidos produtores britânicos para lhes pedir uma opinião.

«Eu aposto em Eddie Nketiah, avançado do Arsenal. Porquê? Porque tenho sensações fortes de que será ele. É difícil de explicar, mas acho que é ele», garantiu Kenny Allsta.

O que foi corroborado por AJD, também produtor musical e DJ da BBC Network.

«Há várias razões. Tem um sotaque de Londres, está a seguir o produtor Steel Banglez, que também mora em Londres, enfim, acho que pode ser o Nketiah.»

Entretanto outros nomes que foram também sendo lançados como hipóteses já se afastaram desta novela. Entre os quais Michail Antonio, avançado do West Ham, e Callum Wilson, jogador do Newcastle.

«Ele diz que vem do sul de Londres, que é um grande jogador da Premier League e que tem o seu próprio dinheiro, por isso obviamente não sou eu», brincou Michail Antonio.

«Mas também não acho que seja Wilfried Zaha. Pela forma do corpo pode ser Nketiah.»

Certo é que o cruzamento dos mundos do futebol e da música não tem nada de novidade. Há vários exemplos a mostrar que esse caminho já foi trilhado antes, e com algum sucesso.

Acima de todos, provavelmente Alexis Lalas.

O norte-americano, que brilhou como central no Mundial 94, já lançou três discos e fez até uma digressão, fazendo a primeira parte de Hootie and the Blowfish.

Outro nome que dá que falar na música é Memphis Depay. Escreve as letras em inglês e neerlandês, lançou o primeiro single em 2012, teve o primeiro sucesso em 2017 e entretanto já editou um álbum de estúdio, que está disponível em todas as plataformas. Músicas como «No love» (19 milhões de visualizações), «Fall back» (sete milhões de visualizações) e «2 Corinthians 5:7» (cinco milhões de visualizações) tornaram-se verdadeiros sucessos.

Até em Portugal é impossível ignorar, por exemplo, Rafael Leão. Com o nome artístico de Way 45, o avançado do Milan lançou o album «Beginning», com sete faixas de rap em 2021.

Mais recentemente, há cerca de um ano, lançou mais alguns singles, entre eles «Layah feat. Salah», que se tornou o maior sucesso do jogador português e já ultrapassou um milhão de visualizações no Youtube.

Jogador de futebol ou golpe de marketing?

A verdade, no entanto, é que todos estes exemplos são diferentes: são jogadores que deram a cara e, em alguns casos, também o nome.

Dide, por outro lado, esconde-se atrás de uma máscara.

Porque o faz? Ninguém sabe. Há quem diga que é para se proteger da negatividade que geralmente envolve os jogadores que se aventuram no meio artístico e há quem diga que é apenas um golpe de marketing. Certo é que está a funcionar: Dide está a ter uma atenção difícil de igualar por qualquer outro estreante no mundo da música.

Ainda que os críticos digam que as letras têm alguma criatividade, somar mais de um milhão de visualizações no Youtube em pouco mais de uma semana é verdadeiramente fantástico.

E promete não ficar aqui.

A cada nova tentativa de decifrar o enigma, perante a mais pequena pista, a especulação vai continuar a aumentar e o fenómeno vai crescendo, como se fosse uma bola de neve.

Entretanto até já lançou um site oficial, com uma loja online através da qual vende merchandising. O que só prova que seja de facto um jogador de futebol ou apenas um golpe de marketing, a ideia funcionou bem.

Dide: já ouviu falar?

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