A presidente da Hungria demitiu-se este sábado depois de ser pressionada pela opinião pública a renunciar ao cargo por ter concedido perdão a um homem condenado num caso de abusos sexual de menores (e que também fez cair a ministra da Justiça).
"Cometi um erro", admitiu Katalin Novak, numa declaração ao país para anunciar renúncia ao cargo. "Peço desculpa a todos os que magoei e a todas as vítimas que sentiram que não as apoiei. Sou, fui e continuarei a ser a favor da proteção das famílias", acrescentou a presidente, que também foi ministra da Família.
Em causa está o facto de Katalin Novak ter concedido perdão a um homem condenado na Hungria por encobrir um escândalo de crimes sexuais num centro de acolhimento de crianças. O caso aconteceu no ano passado, mas só agora ficou conhecido, depois de uma reportagem jornalística que gerou indignação na opinião pública da Hungria e pressionou a presidente a apresentar a demissão.
László Kövér, presidente do parlamento húngaro e aliado próximo de Viktor Orbán, deverá assumir temporariamente as responsabilidades da presidência até que o parlamento eleja um novo chefe de Estado.
Katalin Novak, uma política conservadora cristã, de 46 anos, foi eleita presidente da Hungria em 2022, sendo também uma aliada próxima de Viktor Órban, que por estes dias tentou de tudo para a manter no cargo. De acordo com o The Guardian, na quinta-feira, o governo de Orbán, pressionado pela indignação pública, propôs uma alteração constitucional para limitar a capacidade da presidente de conceder perdão a indivíduos condenados por crimes contra menores.
Apesar da tentativa de Orbán, a indignação pública não diminuiu. Pelo contrário, a pressão cresceu de tal forma nos últimos dias que Natalin Novak viu-se obrigada a interromper uma viagem ao estrangeiro para anunciar a sua demissão.
Mas o caso não fez cair apenas a presidente da Hungria. Também a ministra da Justiça Judit Varga, que assinou na altura a decisão da presidente, anunciou este sábado a sua renúncia ao cargo.
"Estou a retirar-me da vida pública, demito-me do meu mandato de deputada e da liderança da lista ao Parlamento Europeu", declarou Judit Varga, citado pelo The Guardian.
Viktor Orbán sofre assim duas demissões de peso esta semana, em particular com a saída de Judit Varga, que tudo indicava que iria liderar a lista do Fidesz, partido de Orbán, nas eleições para o Parlamento Europeu.