Em breve, falar ou tossir para um smartphone pode ajudar a detectar doenças respiratórias - TVI

Em breve, falar ou tossir para um smartphone pode ajudar a detectar doenças respiratórias

  • Versa - parceira CNN Portugal
  • Sebastião Almeida
  • 9 set, 18:27
Google. Arthur Osipyan/Unsplash

Modelo de Inteligência Artificial criado pela Google pode ser o ponto de partida para que empresas de saúde desenvolvam tecnologia que detecta doenças como a tuberculose através dos microfones dos smartphones

Um novo modelo de Inteligência Artificial (IA) desenvolvido pela Google pode ajudar a detectar precocemente doenças respiratórias através da respiração, tosse ou até mesmo da fala.

Um modelo-base de IA conhecido como Health Acoustic Representations (HeAR) tem ajudado investigadores a disporem de bases para desenvolverem modelos de IA que ouvem sons humanos que contém pistas bioacústicas que podem ajudar a identificar sinais precoces de doenças como a tuberculose ou a doença pulmonar obstrutiva crónica.

A equipa de investigação da Google treinou o HeAR com 300 milhões ficheiros de áudio, que, por sua vez, foram usados para  treinar um modelo de IA especializado em detectar doenças através da tosse, recorrendo para isso a cerca de 100 milhões de sons de pessoas a tossir.

“O HeAR aprende a discernir padrões em sons relacionados com a saúde, criando uma base poderosa para a análise de áudio médico. Descobrimos que, em média, o HeAR tem uma classificação mais elevada do que outros modelos numa vasta gama de tarefas e na generalização entre microfones, demonstrando a sua capacidade superior para captar padrões significativos em dados acústicos relacionados com a saúde. Os modelos treinados com o HeAR também alcançaram um elevado desempenho com menos dados de treino, um fator crucial no mundo frequentemente escasso de dados da investigação na área da saúde”, detalha um artigo publicado no blog The Keyword, da Google.

Uma empresa de cuidados de saúde respiratórios sediada na Índia, a Salcit Technologies, desenvolveu um produto chamado Swaasa que utiliza IA para analisar os sons da tosse e avaliar a saúde dos pulmões. Agora, a empresa está a explorar a forma como o modelo HeAR da Google pode ajudar a expandir as capacidades dos seus modelos bioacústicos de IA.

Os investigadores da Google acreditam que o potencial do som como indicador de saúde está ao alcance da tecnologia atual, sendo possível massificar o acesso a esta tecnologia recorrendo aos microfones dos smartphones. A implementação desta tecnologia a nível mundial permitiria melhorar os cuidados de saúde em zonas do planeta em que a assistência médica generalizada é deficitária.

Erradicar a tuberculose no mundo poderia ser um objetivo, assegurando que milhões de pessoas teriam acesso a diagnósticos médicos e cuidados de saúde adequados. A IA “pode desempenhar um papel importante na melhoria da detecção e ajudar a tornar os cuidados mais acessíveis e económicos para as pessoas em todo o mundo”, refere o mesmo artigo.

“Cada caso perdido de tuberculose é uma tragédia; cada diagnóstico tardio, um desgosto”, afirma Sujay Kakarmath, gestor de produto da Google Research que trabalha no HeAR. “Os biomarcadores acústicos têm o potencial de reescrever esta narrativa. Estou profundamente grato pelo papel que o HeAR pode desempenhar nesta jornada transformadora.”

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