O presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e chefe de Estado angolano há 36 anos, José Eduardo dos Santos, anunciou esta sexta-feira que deixa a vida política ativa em 2018, ano em que completará 76 anos.
O anúncio foi feito em Luanda na abertura da 11.ª reunião ordinária do Comité Central do MPLA, convocado por José Eduardo dos Santos para preparar o congresso do partido, agendado para agosto e que servirá para preparar as candidaturas às eleições gerais de 2017 em Angola.
No seu discurso, José Eduardo dos Santos defendeu um combate mais firme à gestão danosa e a mobilização de quadros capazes para a concretização dos objectivos do Executivo.
Para José Eduardo do Santos, é necessário "prestar mais atenção ao desempenho dos quadros, aos quais foram confiadas tarefas de gestão, assim como combater com mais firmeza a gestão económica danosa ou irresponsável nas empresas públicas", mas também a "falta de disciplina na execução dos orçamentos afetos aos serviços da administração pública central e local".
O ativista luso-angolano Luaty Beirão, um dos acusados em tribunal de atos preparatórios para uma rebelião em Angola, foi um dos primeiros a comentar a notícia e desvalorizou o anúncio, lembrando que já viu este "filme".
Eu não me deixo entrar em momento de excitação ou de alegria porque já ouvi esse discurso em 2011 (…) Daqui a bocado está ele a voltar atrás com a sua palavra, alegando que o partido pede que não os abandone nesta altura tão complicada, porque é o único timoneiro capaz de levar o barco a bom porto. A gente já conhece este filme", afirmou à Lusa Luaty Beirão, que aguarda o desfecho do julgamento em prisão domiciliária, em Luanda.