Martin Jager,o porta-voz do Ministério das Finanças, afirmou que a carta de Atenas «não é uma proposta de solução substancial»
«A carta não corresponde aos critérios que foram acordados, segunda-feira, na reunião do Eurogrupo.»
A Grécia apresentou o pedido de empréstimo por mais seis meses na manhã desta quinta-feira. Os gregos sublinharam um compromisso em honrar as dívidas e a não tomar qualquer ação unilateral que possa colocar em causa as metas fiscais já acordadas.
A Comissão Europeia considerou que o pedido de extensão da ajuda financeira enviado pela Grécia é uma base para um compromisso em sede do Eurogrupo de sexta-feira, disse um porta-voz do executivo comunitário.
O pedido – uma carta com «duas páginas» – de Atenas «abre a possibilidade de um compromisso razoável», sublinhou, no briefing diário da Comissão Europeia, o porta-voz Margaritis Schinas.
«Confirmo que a carta hoje enviada aos presidentes do Eurogrupo (Joeren Dijsselbloem) e da Comissão Europeia (Jean-Claude Juncker) pede um Programa de Assistência Económica e Financeira (Master Financial Assistance Facility Agreement, em inglês)», adiantou Schinas.
Esta é a designação do acordo que foi celebrado com a Grécia – bem como com Portugal e Irlanda – o banco nacional e o Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira.
Segundo refere a carta, «as autoridades gregas estão agora a requerer a extensão do Master Financial Assistance Facility Agreement por um período de seis meses desde o seu final, tempo durante o qual iremos avançar em conjunto, e dando o melhor uso da flexibilidade existente no atual acordo, em direção à sua conclusão bem sucedida e avaliação com base nas propostas, por um lado, do Governo grego, e, por outro lado, das instituições».
«As autoridades gregas honram as obrigações financeiras com todos os credores, bem como a nossa intenção de cooperar com os nossos parceiros para evitar impedimentos técnicos no contexto do «Master Facility Agreement», adianta uma carta enviada por Varoufakis ao presidente do Eurogrupo, a que a Reuters teve acesso.
No documento, ministro das Finanças grego, Yannis Varoufakis, diz ainda que a proposta de extensão do empréstimo servirá para os parceiros europeus e a Grécia acordarem condições financeiras e administrativas «aceitáveis», assim como «um excedente orçamental primário apropriado». Recorde-se que a troika queria um excedente de 3%, enquanto Atenas defende que não poderá ser mais de 1,5%.
Atenas quer ainda que o Banco Central Europeu reintroduza exceções para o país. A Grécia aceita a supervisão do FMI, BCE e União Europeia, (mas não lhe chama troika), durante a vigência desta extensão, mas depois quer um novo acordo, a que chama um «Acordo para a Recuperação e Crescimento da Grécia».
A rejeição do documento por parte de Wolfgang Schäuble depois das cedências gregas adensam em muito o clima de braço-de-ferro, a poucas horas da nova reunião do Eurogrupo, agendada para as 14:00 (hora de Lisboa), de sexta-feira, em Bruxelas.