Presidente do Irão volta a ser alvo de protesto na ONU - TVI

Presidente do Irão volta a ser alvo de protesto na ONU

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão

Diplomatas dos EUA, do Reino Unido e da UE retiraram-se do plenário depois de Ahmadinejad acusar os EUA de terem orquestrado o «11 de Setembro»

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O presidente do Irão disse na quinta-feira, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, que os atentados de 11 de Setembro de 2001 foram uma conspiração dos Estados Unidos. As palavras de Mahmoud Ahmadinejad provocaram a saída imediata, do plenário da ONU, das delegações norte-americana, britânica e da União Europeia.

De acordo com a AFP, ao mencionar uma das «teorias» sobre os atentados do 11 de Setembro, Ahmadinejad disse que «certos sectores no governo norte-americano orquestraram o atentado para reverter a queda na economia americana e no controlo sobre o Oriente Médio, e para salvar o regime sionista». «A maior parte do povo americano e outros países e políticos concordam com este ponto de vista», declarou.

Citando uma segunda teoria, o presidente iraniano acrescentou que os atentados «foram realizados por um grupo terrorista, mas com o apoio do governo americano, que retirou vantagem da situação».

A terceira teoria avançada por Ahmadinejad foi de que «um grupo terrorista muito poderoso e complexo, capaz de enganar todas as camadas dos sistemas de inteligência e de segurança» dos Estados Unidos, realizou o atentado.

Cerca de três mil pessoas morreram nos ataques orquestrados pela Al-Qaeda, quando terroristas suicidas sequestraram aviões comerciais cheios de passageiros e os lançaram contra as torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, o Pentágono, em Washington, e um campo na Pensilvânia.

O presidente do Irão disse lamentar os quase três mil mortos nos atentados, mas comparou o número de vítimas com as «centenas de milhares de mortos e milhões de feridos» nas guerras no Iraque e no Afeganistão.

Ahmadinejad disse que quer propor a criação de um «grupo independente» para analisar o episódio do 11 de Setembro e «garantir que visões diferentes não sejam banidas da discussão no futuro».

Ahmadinejad também convidou especialistas, pesquisadores e institutos de pesquisas a participar de um encontro que o Irão vai promover para analisar o terrorismo e as maneiras de enfrentar o problema.

Palavras «detestáveis e delirantes»

As declarações de Ahmadinejad, que no discurso também atacou Israel e acusou o Ocidente de monopolizar o poderio nuclear enquanto o Irão sofre sanções, provocaram a imediata saída do plenário das delegações dos EUA, britânica e da União Europeia.

Um diplomata europeu explicou à AFP que as delegações europeias abandonaram a sala em solidariedade aos norte-americanos.

Os Estados Unidos classificaram as palavras de Ahmadinejad de «detestáveis e delirantes».

«Antes de representar as aspirações e a boa vontade do povo iraniano, Ahmadinejad decidiu, novamente, tagarelar sobre teorias de complô vis e usar palavras anti-semitas que são detestáveis e delirantes», afirmou o porta-voz da delegação norte-americana na ONU, Mark Kornblau.

O Canadá, que boicotou o discurso antes mesmo do início, desvalorizou as declarações de Ahmadinejad. Ao tomar conhecimento do discurso do presidente iraniano, o chanceler Lawrence Cannon qualificou as declarações de «inaceitáveis» e de «violação ostensiva dos padrões internacionais e do próprio espírito das Nações Unidas».

O presidente iraniano costuma provocar as delegações dos Estados Unidos, de Israel e outras delegações nos discursos que profere na Assembleia-geral da ONU. Em 2009, os comentários de Ahmadinejad, que os EUA consideraram «odiosos, ofensivos e de retórica anti-semita» também levaram a delegação a deixar o plenário.
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