Yannick Carrasco falou em exclusivo com o Maisfutebol e A Bola, onde nos deslocamos a convite da Liga Saudita, tendo garantido que deseja a melhor das sortes a João Félix: precisamente a sorte que o português não teve no Atlético Madrid.
«No mundo do futebol toda a gente o sabe: João Félix é um jogador muito talentoso, que nasceu com um talento incrível, mas como se vai vendo, no futebol por vezes o talento não é o mais importante. É também uma questão de disciplina, de estar concentrado, de trabalhar muito. E o Atlético não é uma equipa assim tão fácil, porque exige muito esse esforço e não se limita a jogar com talento», referiu.
«Talvez com o mister Simeone tenha sido um pouco difícil para o João Félix, mas como é um jogador muito talentoso, encontrou sempre equipas de topo para jogar: Atlético, Barcelona, Chelsea... Por isso, desejo-lhe tudo de bom e acho que vai crescer durante anos e anos, porque chegar tão jovem a um clube tão grande como o Atlético, com a pressão de uma transferência muito cara, torna tudo muito mais díficl.»
Yannick Carrasco está agora na Arábia Saudita, onde é a estrela da companhia orientada por Vítor Pereira e que está a fazer um excelente início de campeonato. Mas continua atento ao que se passa no futebol europeu.
«Agora acho que João Félix está a melhorar de mês para mês. Espero que se saia muito bem no Chelsea e que possa mostrar todo o seu talento ao mundo inteiro.»
Para o internacional belga, o problema do avançado português não esteve na atitude.
«A atitude foi boa, mas talvez ele não se tenha feito as coisas que o treinador lhe pedia. Quando se é jovem, todos nós, na frente, queremos atacar e não queremos defender. Há alturas em que talvez não tenha defendido tão afincadamente como o treinador queria», frisou.
«Há equipas que têm um sistema no qual tu vais ser o melhor jogador do mundo e outras, porque o sistema não se adapta ao teu estilo de jogo, não jogas. Acho que para ele teve vida um pouco difícil no Atlético, mas se nos lembrarmos dessa altura, quando eu estava lá também, ele teve momentos fantásticos, jogos de talento-top, que fizeram a equipa ganhar.»
O problema nunca foi um jogo ou outro: foi o somatório dos jogos todos.
«Depois, na continuidade, houve outros jogos em que talvez o treinador tenha gostado um pouco menos do seu estilo de jogo. A mim também me aconteceu o mesmo, quando era jovem. Vinha do Mónaco e levou-me algum tempo a adaptar-me. Não joguei com o Cholo durante três meses. Depois ganhei a minha posição, porque mudei o chip na minha cabeça. Pode ser que haja jogadores que tenham um pouco mais de dificuldades nisso.»