Hulk recordou a passagem por Portugal, mais concretamente no FC Porto, em entrevista ao jornal Globo Esporte, do Brasil. Abordou vários aspetos da já longa carreira - com 20 anos de atividade profissional. Um dos episódios que recordou foi um golo no Estádio da Luz, diante do Benfica, em que estava a ser alvo de cânticos racistas.
«No início, sofri um pouco [com racismo]. Há até um golo que viralizou, acho que contra o Benfica, no Estádio da Luz. Eu puxo a bola da direita e faço o golo. Para dizer a verdade, eu nem me apercebi naquele momento que os adeptos estavam a fazer esse gesto, mas, onde eu presenciei e sofri um pouco mais, foi na Rússia. Os adeptos adversários cantavam cânticos racistas, eu sofria bastante. Era uma novidade para mim, eu não sabia como lidar naquele momento», disse Hulk.
«No Porto vivi anos especiais. Sem dúvida, a temporada de 2010-2011 foi uma que ficou marcada, porque ganhamos o triplete, a Liga Europa, fui melhor marcador do campeonato português também. Acho que nessa temporada eu fiz 42 golos, e o Falcão fez mais 46. Parecia fácil fazer golos», recorda o avançado.
Hulk diz que teve uma proposta rejeitada de 60 milhões de euros, vinda do Manchester City, quando estava no FC Porto. «Na temporada que ganhamos tudo, em 2010-11, o Falcão é vendido para o Atlético de Madrid, por 58 milhões de euros», explica. Como um atacante já tinha sido vendido, Pinto da Costa não queria mais saídas essenciais, sendo que Hulk só soube da proposta depois do mercado.
«Passou mais uma temporada, 2011-12, o FC Porto estava a negociar o João Moutinho e o James Rodrigues. Não sei o que aconteceu, mas não deu certo. Fechou a janela para a Europa, só estava aberta a janela para a Rússia. Chegou a proposta do Zenit. Meu empresário disse: 'Hulk, há essa proposta, o Porto não vendeu ninguém. Eles não queriam vender você de jeito nenhum, mas chegou e você vai ser a salvação do Porto'», recorda Hulk. O resto, é história.
Porém, essa não foi a melhor temporada a nível coletivo para Hulk: «Se fosse escolher temporada em números, acho que aquela temporada foi a melhor em termos de números, mas 2021 também foi especial, por todo o envolvimento que existia, o Galo estava há 50 anos sem ganhar o campeonato. Ganhámos, fui melhor marcador considerado o melhor do campeonato. Foi muito especial. Os números não foram tão altos comparados com o Porto, mas, coletivamente, sem dúvida, foi a melhor temporada», admitiu.
Hulk recordou ainda outro episódio que fica para sempre ligado à sua passagem no FC Porto. A 'confusão' no túnel do Estádio da Luz, que lhe valeu uma severa punição, bem como a Sapunaru. Hulk conta:
«Fomos ver o que estava a acontecer e, quando chegámos ao túnel, havia confusão, 'empurra-empurra'. Não sei quem tentou dar um soco num dos seguranças e deu de volta, e começou a confusão. Quando acaba a confusão, o Rui Costa, que era o diretor do Benfica na época, veio e chamou-me, pegou-me no braço: 'Hulk, o que é isto, isto é para quê?'. Respondi: 'Para quê isto, Rui? Vocês é que começaram tudo. Vocês ganharam o jogo, agora mandam os seguranças armarem confusão connosco?'», recorda.
«Estava toda a gente envolvida, [mas fui] suspenso eu e o Săpunaru. Ficámos sem entender. Onde houve confusão era um ponto cego na videovigilância, ou seja, foi um 'negócio' muito estranho, mas aconteceu. Deram-me uma suspensão de três meses, era para levar 23 jogos», refere. Hulk queria sair para o AC Milan, mas Pinto da Costa não deixou.
O extremo experiente revelou que pensou em sair do Atlético Mineiro no ano passado, tendo até recebido uma proposta vinda da Arábia Saudita. Mas o nascimento da filha mais nova fez adiar esse passo.