Iraque: ameaça «não era suficiente» para justificar invasão - TVI

Iraque: ameaça «não era suficiente» para justificar invasão

Tony Blair (foto Lusa)

A antiga chefe de um serviço de espionagem arrasou com Tony Blair. Disse que os ataques a Londres foram obra de cidadãos nacionais e ilibou Saddam Hussein do 11 de Setembro

A ameaça que representava o Iraque não era suficiente para justificar a guerra em 2003, declarada, sem o reconhecimento da ONU, por iniciativa do então presidente norte-americano, George W. Bush, com o apoio do ex-primeiro ministro britânico, Tony Blair.

A conclusão é da antiga chefe do serviço de contra-espionagem britânico MI5, Eliza Manningham-Buller, que, na terça-feira, prestou declarações na comissão que investiga as circunstâncias da invasão anglo-americana do Iraque há sete anos, conta o «The Guardian».

Sem meias medidas, num depoimento devastador na comissão «Chilcot», Eliza Manningham-Buller disse que tinha advertido que a invasão do Iraque aumentaria a ameaça terrorista ao Reino Unido. Foi um «factor altamente significativo» para os terroristas nacionais propagarem as suas acções. «O nosso envolvimento no Iraque radicalizou posições e há uma geração de jovens que viu isso como um ataque contra o Islão», explicou a ex-chefe do M15.

Conclusão dura para o Reino Unido que ouviu Manningham-Buller dizer que não a surpreendeu saber que cidadãos britânicos estavam envolvidos nos ataques suicidas de 7 de Julho, em Londres, nem a espanta o aumento do número de britânicos «atraídos pela ideologia de Osama bin Laden», que viram as invasões do Iraque e do Afeganistão como uma ameaça aos seus correligionários muçulmanos».

Se, no seu depoimento, Eliza Manningham-Buller afirmou que a invasão do país árabe aumentou «substancialmente» o grau de ameaça de atentados terroristas contra o Reino Unido e insistiu que não havia qualquer ligação evidente entre o ex-presidente iraquiano, Saddam Hussein, e os ataques às torres gémeas de Nova Iorque, em Setembro de 2001.

A comissão perguntou a Eliza o que tinha aprendido as lições da invasão. Eliza respondeu: «O perigo do excesso de confiança nos serviços de inteligência para decidir se se deve ou não ir para a guerra». Este terá sido um dia mau para Tony Blair, que agora lidera as negociações de paz para o Médio Oriente.
Continue a ler esta notícia