Por que Charles Manson foi um dos assassinos mais famosos do mundo - TVI

Por que Charles Manson foi um dos assassinos mais famosos do mundo

Queria ser músico, acabou líder de uma seita. Foi o responsável por pelo menos nove homicídios e cumpria pena de prisão perpétua até este domingo, quando morreu

A seita

Era a década de 60, os Estados Unidos sofriam os efeitos da guerra do Vietname e explodia a cultura hippie. Charles Manson recrutava jovens com mensagens que misturavam anti-autoritarismo, satanismo, músicas dos Beatles e ideias de Hitler.

No deserto da Califórnia, instalou uma comunidade de brancos, de classe média, onde havia relatos de orgias, muito LSD e uma vida "livre". Sexo, drogas e rock and roll. Auto-denominavam-se "A família Manson".

Na sua cabeça, preparava uma guerra entre raças, que acabou por motivar os homicídios que a seita realizou.

Além dele, foram detidos dois homens e cinco mulheres. Charles Manson não terá matado ninguém, mas era ele que mandava.

As vítimas

 A 9 de agosto de 1969, em Los Angeles, a seita entrou na casa da atriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski, e matou cinco pessoas com uma violência desmesurada. Além de Sharon Tate, que estava grávida de oito meses e foi esfaqueada mais de 15 vezes, foi assassinado também Jay Sebring, um cabeleireiro famolo de Hollywood e ex-namorado desta.

Abigail Folger, a herdeira da marca de café com o mesmo nome, foi morta com 28 facadas. O seu namorado, Wojciech Frykowski, e amigo de Roman Polanski, foi a vítima mais maltratada: levou 51 facadas e dois tiros.

Foi morto ainda Steven Parent, um jovem de 18 anos que estava no local errado, à hora errada.

Na noite seguinte, foi assassinado também na sua residência e também com muita violência um casal rico: Rosemary e Leno LaBianca. No total, ambos foram mortos com 169 facadas e sete tiros.

Mais tarde, descobriram-se outros dois homicídios relacionados com esta seita: o de Gary Hinman (músico, que terá sido morto numa disputa que envolvia dinheiro e drogas) e Donald Shea (que trabalhava na quinta onde a seita se instalou).

Em todos os casos, o grupo plantava pistas falsas para tentar incriminar os Panteras Negras, ativistas afro-americanos violentos. A ideia de Charles Manson era que estes homicídios iniciassem a tal guerra racial.

O julgamento

Foi tudo menos normal. Alguns dos réus tatuaram um “X” na testa, sendo que Charles Manson transformou o dele numa suástica.

Era normal insultarem o juiz, gritarem e intervirem, sem sinal de arrependimento.

A meio do julgamento, um dos advogados de defesa, Ronald Hughes, apareceu morto e nunca se soube muito bem o que terá acontecido.

Quatro membros da seita foram condenados à morte, mas a lei californiana mudou, em 1972, e passaram a cumprir penas de prisão perpétua.

A música

Charles Manson já tinha sido preso várias vezes por outros delitos e foi na cadeia que aprendeu a tocar guitarra. Gostava também de compor música e chegou a lançar vários álbuns, muitos dos quais enquanto estava preso.

Vários músicos e bandas acabaram por ter alguma ligação a ele: os Guns N’Roses gravaram a sua "Look at Your Game, Girl", Marilyn Manson adotou o apelido da família.

A seita chegou a viver na casa do baterista dos Beach Boys, Dennis Wilson. A música “Never Learn Not to Love” foi mesmo baseada numa letra de Charles Manson, embora ele nunca tenha ganho nada com isso.

O marketing

A história e os crimes da família Manson inspiraram músicas, filmes, séries de televisão, roupa e sites de fãs um pouco por todo o mundo.

“Helter Skelter”, a canção dos Beatles que Charles Manson interpretou como lançamento da guerra racial, foi também o título do famoso livro sobre o caso, lançado em 1974 e co-escrito por um dos procuradores do processo. Ainda hoje, é o livro de crime sobre eventos reais mais vendido de sempre.

As frases

Nascido de uma mãe adolescente e alcoólica, Charles Manson passou a infância entre reformatórios e a vida adulta entre prisões.

"Sou filho do vosso sistema... Sou apenas o que fizeram de mim. Sou um reflexo de vocês.”

Terá chegado a dizer que não sabia viver fora da prisão e, em 2012, quando a liberdade condicional lhe foi negada pela última vez, não compareceu na audiência e terá dito ao psiquiatra da prisão:

“Sou especial. Não sou um prisioneiro qualquer. Passei a minha vida na prisão. Enterrei cinco pessoas. Sou um homem muito perigoso."

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