A seita
Era a década de 60, os Estados Unidos sofriam os efeitos da guerra do Vietname e explodia a cultura hippie. Charles Manson recrutava jovens com mensagens que misturavam anti-autoritarismo, satanismo, músicas dos Beatles e ideias de Hitler.
No deserto da Califórnia, instalou uma comunidade de brancos, de classe média, onde havia relatos de orgias, muito LSD e uma vida "livre". Sexo, drogas e rock and roll. Auto-denominavam-se "A família Manson".
Na sua cabeça, preparava uma guerra entre raças, que acabou por motivar os homicídios que a seita realizou.
Além dele, foram detidos dois homens e cinco mulheres. Charles Manson não terá matado ninguém, mas era ele que mandava.
As vítimas
Gary Hinman. Sharon Tate. Jay Sebring. Abigail Folger. Wojciech Frykowski. Stephen Parent. Leno LaBianca. Rosemary LaBianca. Hopefully their families have a little peace tonight. There's a little less evil in world. pic.twitter.com/GKBG9K0gdO
— Ron Jimenez (@ronthecanuxican) 20 de novembro de 2017
A 9 de agosto de 1969, em Los Angeles, a seita entrou na casa da atriz Sharon Tate, mulher do realizador Roman Polanski, e matou cinco pessoas com uma violência desmesurada. Além de Sharon Tate, que estava grávida de oito meses e foi esfaqueada mais de 15 vezes, foi assassinado também Jay Sebring, um cabeleireiro famolo de Hollywood e ex-namorado desta.
Abigail Folger, a herdeira da marca de café com o mesmo nome, foi morta com 28 facadas. O seu namorado, Wojciech Frykowski, e amigo de Roman Polanski, foi a vítima mais maltratada: levou 51 facadas e dois tiros.
Foi morto ainda Steven Parent, um jovem de 18 anos que estava no local errado, à hora errada.
Na noite seguinte, foi assassinado também na sua residência e também com muita violência um casal rico: Rosemary e Leno LaBianca. No total, ambos foram mortos com 169 facadas e sete tiros.
Mais tarde, descobriram-se outros dois homicídios relacionados com esta seita: o de Gary Hinman (músico, que terá sido morto numa disputa que envolvia dinheiro e drogas) e Donald Shea (que trabalhava na quinta onde a seita se instalou).
Em todos os casos, o grupo plantava pistas falsas para tentar incriminar os Panteras Negras, ativistas afro-americanos violentos. A ideia de Charles Manson era que estes homicídios iniciassem a tal guerra racial.
O julgamento
Foi tudo menos normal. Alguns dos réus tatuaram um “X” na testa, sendo que Charles Manson transformou o dele numa suástica.
Era normal insultarem o juiz, gritarem e intervirem, sem sinal de arrependimento.
A meio do julgamento, um dos advogados de defesa, Ronald Hughes, apareceu morto e nunca se soube muito bem o que terá acontecido.
Quatro membros da seita foram condenados à morte, mas a lei californiana mudou, em 1972, e passaram a cumprir penas de prisão perpétua.
A música
Charles Manson já tinha sido preso várias vezes por outros delitos e foi na cadeia que aprendeu a tocar guitarra. Gostava também de compor música e chegou a lançar vários álbuns, muitos dos quais enquanto estava preso.
Vários músicos e bandas acabaram por ter alguma ligação a ele: os Guns N’Roses gravaram a sua "Look at Your Game, Girl", Marilyn Manson adotou o apelido da família.
A seita chegou a viver na casa do baterista dos Beach Boys, Dennis Wilson. A música “Never Learn Not to Love” foi mesmo baseada numa letra de Charles Manson, embora ele nunca tenha ganho nada com isso.
O marketing
A história e os crimes da família Manson inspiraram músicas, filmes, séries de televisão, roupa e sites de fãs um pouco por todo o mundo.
“Helter Skelter”, a canção dos Beatles que Charles Manson interpretou como lançamento da guerra racial, foi também o título do famoso livro sobre o caso, lançado em 1974 e co-escrito por um dos procuradores do processo. Ainda hoje, é o livro de crime sobre eventos reais mais vendido de sempre.
As frases
Nascido de uma mãe adolescente e alcoólica, Charles Manson passou a infância entre reformatórios e a vida adulta entre prisões.
"Sou filho do vosso sistema... Sou apenas o que fizeram de mim. Sou um reflexo de vocês.”
Terá chegado a dizer que não sabia viver fora da prisão e, em 2012, quando a liberdade condicional lhe foi negada pela última vez, não compareceu na audiência e terá dito ao psiquiatra da prisão:
“Sou especial. Não sou um prisioneiro qualquer. Passei a minha vida na prisão. Enterrei cinco pessoas. Sou um homem muito perigoso."