Médico que contagiou crianças com Sida queixa-se de tortura - TVI

Médico que contagiou crianças com Sida queixa-se de tortura

Detido

Unhas arrancadas, agressões, choques eléctricos são alguns dos maus-tratos que alega ter sofrido na prisão

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Unhas arrancadas, agressões, choques eléctricos são alguns dos maus-tratos que um médico de origem palestiniana, detido oito anos na Líbia com cinco enfermeiras búlgaras, alega ter sofrido nas prisões daquele país.

Ashraf Joumaa al-Hajouj, de 38 anos, foi detido em Janeiro de 1999 pela polícia líbia, acusado de, juntamente com as cinco enfermeiras búlgaras, ter contagiado com o vírus da SIDA 438 crianças, das quais 56 morreram.

O médico, refugiado palestiniano que se formou na Líbia e que hoje tem a nacionalidade búlgara, trabalhava no Hospital de Benghazi.

A 15 de Abril foi ouvido por dois juízes franceses encarregues de apreciar uma denúncia de «violações e torturas, com actos de barbárie, por pessoa depositária de autoridade pública».

A investigação judicial francesa foi aberta em Fevereiro, na sequência de uma queixa do médico, apresentada em Dezembro de 2007 pelo intermediário da associação Advogados Sem Fronteiras de França, por ocasião da visita do dirigente libio Mouammar Kadhafi a Paris.

A queixa visava sobretudo Kadhafi, que goza do estatuto de imunidade enquanto Chefe de Estado, cinco polícias e um médico.

No relato que fez aos juízes franceses, o médico palestiniano descreve as torturas que alega ter sofrido, de olhos vendados, no início do seu cativeiro, em Setembro de 1999: unhas arrancadas, ataque de um pastor alemão, ameaças de violação contra a sua irmã e golpes de vara na ponta dos pés.

Duas das cinco enfermeiras terão sido igualmente torturadas na sua presença.

Ashraf Joumaa al-Hajouj confessou que admitiu, sob tortura, que tinha contaminado as crianças e colaborado com a Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA) e com o serviço secreto israelita (Mossad).

Condenados a pena de morte, o médico e as cinco enfermeiras foram libertados a 24 de Julho de 2007 e levados para Sófia, na Bulgária, pela ex-primeira dama de França Cécilia Sarkozy, a bordo de um avião governamental francês.
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