Hotéis femininos proliferam no mundo islâmico - TVI

Hotéis femininos proliferam no mundo islâmico

Islão [arquivo - Foto EPA/Lusa]

Ali, as mulheres podem largar a burca, andar de bicicleta e vestir um biquini

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No mundo islâmico, há cada vez mais unidades hoteleiras dedicadas exclusivamente à hospedagem de mulheres. Num mundo onde a segregação sexual é lei, há cada vez mais mulheres a optarem por «retiros» que as afastem da sociedade que as exclui, escreve o El País.

A fórmula de sucesso prende-se pela liberdade oferecida nestes hotéis. No hotel El Luthan, «refúgio» em árabe, na Arábia Saudita, as mulheres deambulam envergando fatos de licra apertada para fazerem jogging, tomam banhos de sol em biquíni, um cenário comum em qualquer outra parte do mundo, no entanto, torna-se inovador num país que exige que todas as mulheres, de todas as regiões ou procedências, se cubram da cabeça aos pés.

Dentro deste espaço, as mulheres que o frequentam podem exibir, sem complexos, os cabelos, decotes, braços e umbigo, com uma liberdade que só lhes é permitida devido à ausência de homens. Até os jardins são tratados por mulheres. À volta do perímetro, existe uma espessa vegetação que as protege de eventuais mirones.

«É perfeito para praticar desportos colectivos», afirmou Mahsa, uma estudante de 19 anos. De facto, praticar voleibol, futebol ou basquetebol debaixo de uma burca, tal como é a lei em recintos mistos, não se adivinha uma tarefa nada fácil. Para além disso, o espaço vai disponibilizar, em breve, o aluguer de bicicletas, proibidas desde a revolução islâmica.

«Devido às regras que temos, necessitamos de sítios assim para que possamos sair sem a burca», afirmou uma das utentes do hotel. «Aqui temos mais liberdade para nos sentirmos mais à vontade».

Discriminação escondida

No entanto, Ariba Davudi, uma feminista islâmica, condenada por rebeldia, no ano passado, é contra a discriminação sexual e à segregação de géneros. «Fazer parques, festivais, e outros espaços, em separado acentua os estereótipos femininos e masculinos, também estabelece mais fronteiras entre os sexos», garante. «Talvez as mulheres se sintam mais à vontade porque podem largar a burca e evitar o assédio dos homens, mas estes problemas não têm a ver com as mulheres. Estão relacionados com os homens que preferem ignorar as causas e propor soluções mais fáceis», assegurou.

A ex-directora da oficina para mulheres do Ministério do Interior, do Irão, e uma das entusiastas destes espaços, tem uma opinião diferente. «Há que ter em conta o contexto cultural. Pretendíamos superar a discriminação contra as mulheres. Não se trata de não puder ir a parques públicos, mas sim dar uma alternativa», garantiu.
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