Filha de ex-presidente do Irão condenada a cinco anos de prisão - TVI

Filha de ex-presidente do Irão condenada a cinco anos de prisão

  • Agência Lusa
  • RL
  • 9 jan 2023, 18:09
Faezeh Rafsanjani  (Aladin Abdel Naby / Reuters)

Faezeh Hachemi Rafsandjani é acusada de incitar a população aos protestos no decurso do movimento de contestação desencadeado no país

A filha do ex-presidente iraniano Akbar Hachemi Rafsandjani, detida em Teerão desde finais de setembro, foi condenada a cinco anos de prisão, decisão de que irá apresentar recurso, anunciou o seu advogado.

Ex-deputada e militante dos direitos humanos, Faezeh Hachemi Rafsandjani foi detida em 27 de setembro e enviada para a prisão de Evine por ter incitado a população aos protestos no decurso do movimento de contestação desencadeado no país.

"A minha cliente foi condenada a cinco anos de prisão pelo tribunal de primeira instância" indicou o advogado Neda Shams, citado pela agência noticiosa AFP.

Faezeh Hachemi, 60 anos, já tinha sido condenada anteriormente e por diversas ocasiões. No final de 2012, foi detida e condenada a seis meses de prisão por "propaganda" contra a República islâmica.

A justiça acusou Hachemi de "conluio contra a segurança do país, propaganda contra o sistema da República islâmica e perturbação da ordem ao participar em concentrações ilegais", precisou a advogada.

"A decisão, que não é definitiva, foi-me comunicada na quarta-feira, e vamos contestá-la no prazo legal", acrescentou Shams.

Em outubro, o porta-voz do poder judicial, Massoud Setayechi, anunciou que a ativista tinha já sido condenada "a 15 meses de prisão e a dois anos de pena suplementar incluindo a proibição de atividades na internet".

Akbar Hachemi Rafsandjani, presidente entre 1989 e 1997, era um moderado que defendia a melhoria de relações com o ocidente.

Em paralelo, o advogado de dois jornalistas iranianos, detidos por terem divulgado publicamente a morte em detenção da jovem Masha Amini, foi libertado após mais de três semanas na prisão, anunciou um 'media' local.

"Mohammad Ali Kamfirouzi foi libertado sob caução da prisão de Fashafouyeh", a sul de Teerão, indicou o diário reformador Shargh.

O Irão enfrenta uma vaga de protestos desde a morte em 16 de setembro de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, após a sua detenção pela polícia da moralidade por uso incorreto do véu islâmico em público.

Detido em 14 de dezembro, segundo os 'media' locais, Kamfirouzi é advogado de Elaheh Mohammadi, 35 anos, jornalista do diário Ham Mihan, e de Niloufar Hamedi, 30 anos, fotógrafo do jornal Shargh, detidos desde setembro.

A autoridade judicial indiciou-os em novembro por "propaganda contra o sistema" e "conspiração contra a segurança nacional", por terem divulgado repetidamente o caso Masha Amini.

Segundo o Ham Mihan, 25 advogados iranianos foram "detidos por todo o país" desde o início das manifestações.

As autoridades iranianas qualificam geralmente os protestos de "tumultos" fomentados por "países e organizações hostis ao Irão".  

Teerão também insiste que centenas de pessoas, incluindo membros das forças de segurança, foram mortas durante os protestos, e milhares de manifestantes detidos. Quatro homens já foram enforcados em sentenças relacionadas com estes protestos, acusados pela morte de agentes dos serviços de segurança.

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