Dois portugueses entre 107 antigos presidentes e primeiros-ministros que pedem apoio do Ocidente à revolta popular no Irão - TVI

Dois portugueses entre 107 antigos presidentes e primeiros-ministros que pedem apoio do Ocidente à revolta popular no Irão

  • Agência Lusa
  • AG
  • 23 mai 2023, 19:13
Protesto no Irão (AP Photo)

Responsáveis diz "ser tempo de a liderança da República Islâmica do Irão responder pelos seus crimes"

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Cento e sete antigos presidentes e primeiros-ministros, incluindo portugueses, enviaram esta terça-feira uma carta aberta aos líderes das potências mundiais, instando-os a apoiar a revolta em curso no Irão, dias após o regime iraniano ter executado mais três manifestantes.

“Exortamos os vossos países a apoiar o povo iraniano na sua luta por mudança e a adotar medidas decisivas contra o atual regime [teocrático] – isso inclui colocar a Guarda Revolucionária na lista negra e responsabilizar os dirigentes do regime pelos seus crimes contra a humanidade”, lê-se na carta, divulgada pelo centro de investigação e documentação Justiça pelas Vítimas do Massacre de 1988 no Irão (JVMI), subscrita, entre outros políticos, pelo ex-chefe de Estado e de Governo Aníbal Cavaco Silva e o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

No texto, diretamente endereçado ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aos líderes dos 27 Estados-membros da União Europeia e aos primeiros-ministros do Reino Unido, Rishi Sunak, e do Canadá, Justin Trudeau, os signatários ressaltam que “embora qualquer mudança deva ser operada pelo povo do Irão, a comunidade internacional tem o dever de apoiar os seus direitos humanos”.

Sublinham que “desde setembro de 2022, o mundo tem assistido a uma grande revolta popular no Irão, exigindo liberdade e democracia” e que, desde então, “relatos sugerem que mais de 750 manifestantes foram mortos e 30 mil presos”, sustentando que “décadas de aparente silêncio e inação da comunidade internacional ajudaram a alimentar uma cultura de impunidade no Irão” que deve acabar.

“Desde os anos 1980, as autoridades do Irão executaram dezenas de milhares de manifestantes e presos políticos. Tragicamente, só no verão de 1988, mais de 30 mil prisioneiros políticos – a maioria dos quais, membros do MEK (Organização dos ‘Mujahidin’ do Povo Iraniano), da oposição – foram barbaramente massacrados”, recordam os signatários.

Entre eles, figuram, além de dois antigos presidentes da Comissão Europeia – Romano Prodi e Jean-Claude Juncker –, três presidentes laureados com o prémio Nobel da Paz – o polaco Lech Walesa, o colombiano Juan Manuel Santos e o costa-riquenho Óscar Arias Sánchez.

Reiterando que consideram “ser tempo de a liderança da República Islâmica do Irão responder pelos seus crimes”, os subscritores da carta aberta encorajam os líderes ocidentais “a solidarizar-se com o povo do Irão no seu desejo de uma república secular e democrática, onde nenhum indivíduo, independentemente da religião ou origem, tenha privilégios sobre os outros”.

“Através das suas palavras de ordem, o povo iraniano deixou claro que rejeita todas as formas de ditadura, seja a do Xá deposto ou o atual regime teocrático, e, logo, rejeita qualquer associação com qualquer delas”, frisam.

“Acreditamos que cabe ao povo iraniano decidir o seu futuro. Contudo, reconhecemos que, durante quatro décadas, a coligação democrática Conselho Nacional da Resistência do Irão (NCRI) tem constante e incansavelmente lutado por mudança democrática”, pelo que consideram que “o Plano de Dez Pontos elaborado pela presidente do NCRI, Maryam Rajavi, merece apoio”.

Sobre esses dez pontos, salientam que “o seu compromisso com eleições livres, liberdade de expressão e de reunião, abolição da pena de morte, igualdade de género, separação entre religião e Estado, autonomia para as etnias do Irão e [a defesa de] um Irão não-nuclear está de acordo com os valores democráticos” que defendem.

Por último, os antigos líderes internacionais afirmam condenar “a intromissão do regime iraniano no Médio Oriente e na Europa, incluindo o seu fornecimento de ‘drones’ (aeronaves não-tripuladas) para apoiar a guerra da Rússia na Ucrânia e os seus ataques terroristas e ciberataques na Albânia”.

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