No centro dos ataques de Israel ao Irão está o controverso programa nuclear de Teerão, que afirma que pretende dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos e nega as acusações das potências ocidentais de que está a tentar desenvolver armas nucleares.
A agência nuclear da ONU, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), acusa há muito o Irão de violar as suas obrigações no âmbito da não-proliferação.
Na quinta-feira - pela primeira vez em quase 20 anos - a AIEA aprovou uma resolução na qual declara que o Irão está em violação dessas obrigações.
As agências de informação dos EUA e a AIEA acreditam que o Irão teve um programa secreto e coordenado de armamento nuclear que suspendeu em 2003. O Irão nega que alguma vez tenha tido tal programa.
Ao abrigo do acordo nuclear de 2015, o Irão podia enriquecer urânio apenas até uma pureza de 3,67%, manter uma reserva máxima de 300 quilos de urânio e utilizar apenas centrífugas IR-1 muito básicas - máquinas que fazem girar o gás de urânio a alta velocidade para fins de enriquecimento.
Um ano depois de o presidente dos EUA Donald Trump ter retirado os EUA do acordo, o Irão começou gradualmente a abandonar todos os limites impostos ao programa e passou a enriquecer urânio até 60% - um pequeno passo técnico dos níveis de 90% necessários para fins militares.
As sanções dos EUA causaram sérios danos à economia iraniana, mas não a destruíram. Os assassinatos, por parte de Israel, de altos responsáveis iranianos - incluindo um destacado cientista nuclear - também não conseguiram travar o enriquecimento de urânio por parte do Irão.
O Irão afirma que o seu direito de enriquecer urânio é inegociável
No entanto, um relatório da AIEA de maio, visto pela Reuters, concluiu que o Irão realizou atividades nucleares secretas com material não declarado à agência em três locais que estão sob investigação há muito tempo.
Outro relatório da AIEA, enviado aos Estados-membros no final de maio, indicava que a reserva iraniana de urânio enriquecido a 60% tinha aumentado para 408 quilos. Segundo uma métrica da própria AIEA, essa quantidade seria suficiente, se enriquecida mais, para fabricar nove armas nucleares.