O secretário-geral da ONU, António Guterres, indicou estar a "observar de perto" a crise política em Israel, devido à polémica reforma judicial, proposta pelo Governo de Benjamin Netanyahu, e entretanto suspensa, devido às manifestações maciças de protesto.
O porta-voz Stéphane Dujarric disse, em conferência de imprensa, que estão "a observar de muito perto os desenvolvimentos que estão a ocorrer internamente em Israel".
"Como faríamos em todo o lado, quero lembrar que as pessoas têm o direito de se manifestar pacificamente, e esta manifestação deve ser feita pacificamente", salientou Dujarric, sobre os confrontos entre ativistas e agentes da polícia nas ruas de Israel, no domingo à noite.
Na segunda-feira, os Estados Unidos saudaram o anúncio da pausa no processo de aprovação da contestada reforma judicial em Israel, feito pelo primeiro-ministro israelita, indicando que este passo "dá mais tempo para encontrar um compromisso" no país.
“Continuamos a apelar aos responsáveis políticos em Israel para que encontrem um compromisso o mais rapidamente possível”, disse uma porta-voz da Casa Branca Karine Jean-Pierre, numa referência à decisão de Netanyahu de suspender o projeto de reforma.
Pouco antes do anúncio de Netanyahu, o Presidente norte-americano, Joe Biden, tinha transmitido ao primeiro-ministro israelita a preocupação sobre a proposta de reforma judicial, que originou forte contestação social e dividiu o país do Médio Oriente.
Em conferência de imprensa, John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança norte-americano, disse que as inquietações de Biden provêm da ideia de que devem existir “controlos e equilíbrios” e um “apoio consensual” nos sistemas democráticos.
Nas últimas semanas, milhares de pessoas protestaram nas ruas de Israel contra a polémica reforma judicial do Governo israelita.
No domingo à noite, mais de 600 mil pessoas manifestaram-se espontaneamente, depois de Netanyahu ter demitido o ministro da Defesa, Yoav Gallant, por ter defendido a suspensão da reforma.
O Governo de coligação de Israel, o mais à direita desde a fundação do Estado judaico em 1948, apresentou um prazo, até julho, para concretizar os ajustamentos necessários à reforma, que a oposição e amplos setores sociais consideram uma ameaça por comprometer a independência da justiça.