O líder da central sindical israelita Histadrut anunciou hoje “uma greve geral imediata”, durante uma conferência de imprensa, exigindo o fim da reforma judicial anunciada pelo Governo, que está a dividir profundamente o país.
"Convoco uma greve geral (…) assim que esta conferência de imprensa terminar. O Estado de Israel está a parar”, anunciou Arnon Arnon Bar-David, que dirige o maior sindicato de trabalhadores de Israel.
Logo depois do anúncio da greve, as autoridades aeroportuárias de Israel disseram que os voos que partem do principal aeroporto internacional do país foram suspensos.
A união sindical tinha ficado de fora dos protestos que duram há semanas, mas a demissão do ministro da Defesa israelita pareceu fornecer o ímpeto para esta greve imediata.
Na noite passada, Netanyahu demitiu o ministro da Defesa, depois de Yoav Gallant ter pedido publicamente o fim da reforma judicial, na primeira voz crítica do Governo.
A decisão do primeiro-ministro levou mais de 600 mil pessoas para as ruas em protestos maciços e improvisados em várias cidades israelitas. As universidades de todo o país fecharam "até nova ordem".
A reforma judicial desencadeou uma das mais graves crises internas de Israel, ao unir, em oposição generalizada, líderes empresariais, funcionários judiciais e mesmo militares do país.
O Presidente de Israel pediu hoje ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para "atuar com responsabilidade e coragem" e pôr fim "de imediato" ao processo legislativo da polémica reforma judicial que está a dividir o país.
A peça central da revisão é uma lei que dará à coligação governamental a última palavra sobre todas as nomeações judiciais. Outras leis podem dar ao parlamento a possibilidade de anular decisões do Supremo Tribunal e limitar a revisão judicial das leis.
Netanyahu e aliados disseram que o plano vai devolver o equilíbrio entre os ramos judicial e executivo e controlar o que consideram ser um tribunal intervencionista com simpatias liberais.
Mas críticos advertiram que as leis vão eliminar o sistema de controlos e equilíbrios de Israel e concentrar o poder nas mãos da coligação governamental, acrescentando que Netanyahu, a ser julgado por acusações de corrupção, tem um conflito de interesses.