Não falava até aos 11 anos, não escrevia até aos 18. Hoje tem 37 e é professor em Cambridge - TVI

Não falava até aos 11 anos, não escrevia até aos 18. Hoje tem 37 e é professor em Cambridge

  • CNN Portugal
  • 28 fev 2023, 09:00
Jason Arday

Foi diagnosticado com autismo, aprendeu a falar aos 11 anos e a ler e a escrever aos 18. Com dois mestrados e um doutoramento, aos 37 está prestes a tornar-se professor na Universidade de Cambridge.

Diagnosticado com autismo e um atraso no desenvolvimento geral das suas capacidades, Jason Arday foi tendo dificuldades na fala até aos 11 anos e, até fazer 18, não sabia ler ou escrever. Hoje tem 37 anos e está prestes a tornar-se a pessoa negra mais nova a conseguir um cargo de professor na Universidade de Cambridge.

Não sabia falar, mas lembra-se de sempre ter tido a curiosidade afiada em questões que geralmente passam ao lado de uma criança como “porque é que existem pessoas sem abrigo?” ou “porque é que existe guerra?”.

Apesar da sua condição, que em muitos casos afeta o sentido de empatia, Jason refere que, desde cedo, nutriu empatia pelo sofrimento de outras pessoas, o que lhe dava uma vontade de agir em prol do bem de quem precisasse.

Quanto às suas influências, segundo Jason Arday, foi a sua mãe que exigiu mais dele e teve um papel fundamental no seu desenvolvimento, autoconfiança e capacidades. Incentivando-o a ouvir música de todos os géneros, ela esperava que isso o ajudasse a conceptualizar a linguagem. Já para a leitura e a escrita, foi um amigo e tutor, Sandro Sandri, que o ajudou e incentivou.

Inicialmente, o objetivo de Ardat era tornar-se um professor de educação física, acabando até por tirar um curso nessa área. Mas, à medida que ia trabalhando como professor e crescendo numa zona que refletia a realidade de desigualdades sistémicas que jovens de minorias étnicas têm de superar, outras ambições começaram a vir-lhe à mente.

Aos 22 anos, Arday interessou-se num curso de pós graduação diferente e falou com o seu tutor, que acreditou nele e lhe disse “tu consegues”. O curso era na área da Sociologia.

Com esse voto de confiança, lançou-se no seu desafio. Mas confessou que “aprender a tornar-me num académico foi difícil, sobretudo porque não tinha grande prática de como o fazer”.

Durante o dia, Arday trabalhava como professor de educação física, durante a noite concentrava-se em toda a papelada e trabalhos para as cadeiras de Sociologia.

“Quando comecei a fazer trabalhos académicos, eu não sabia o que estava a fazer. Houve uma altura em que tudo era rejeitado”, desabafa.

As adversidades tornaram-se lições e a certo ponto, Arday divertia-se com a aprendizagem. A meta mantinha-se à vista e, quando deu por isso, tinha completado dois mestrados e um doutoramento em Educação.

8 anos depois prepara-se para o cargo que lhe é destinado enquanto professor de Sociologia da Educação em Cambridge. 

Atualmente, só existem 5 professores negros nesta Universidade. O seu objetivo é trazer mais pessoas como ele a lugares de topo, como o que conseguiu.

“O meu foco é como é que se pode democratizar o ensino e abrir portas a mais pessoas que vêm de situações desfavorecidas”, acrescenta.
 

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