Partiram de Angola e Cabo Verde, tinham como destino a diocese de Leiria-Fátima mas "não chegaram ao destino". Para já, os 195 peregrinos que não compareceram no check-in daquela diocese no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) não são considerados "desaparecidos", mas as autoridades estão a monitorizar a situação, garante o Sistema de Segurança Interna (SSI).
Em conferência de imprensa esta terça-feira, a inspetora coordenadora superior do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tinha indicado que, dos 195 jovens peregrinos em paradeiro incerto, 168 são cabo-verdianos e 27 angolanos. O mais novo deste grupo de peregrinos tem 19 anos.
De acordo com o SSI, todos estes peregrinos estão devidamente inscritos na JMJ, tendo entrado "regularmente e por via aérea em território nacional". Contudo, o grupo não apareceu na diocese de Leiria-Fátima, conforme estava previsto, tendo a organização da JMJ reportado a "situação anormal" às autoridades de segurança.
Já esta tarde, um dos diáconos que acompanham peregrinos cabo-verdianos à JMJ disse que “ninguém está desaparecido”, tendo alguns jovens optado por ficar em Lisboa em vez de participar nas atividades em Leiria. “É ‘fake news’. Ninguém está desaparecido e nenhum peregrino é obrigado a participar em atividades das dioceses”, indicou. E justificou: “Alguns peregrinos que chegaram a Lisboa optaram por ficar na cidade, onde arranjaram alojamento junto de familiares e amigos, em vez de ir a Leiria para participar nas atividades. Ninguém informou que as atividades eram obrigatórias.”
Nunca foram considerados desaparecidos
Uma vez que os peregrinos entraram em Portugal "de forma legal e com visto válido no espaço Schengen", as autoridades não os consideram "desaparecidos" para "efeitos legais". Ainda assim, acrescenta-se na nota do SIS, foram tomadas "as competentes medidas de monitorização por parte das autoridades envolvidas, quer a nível nacional, quer a nível internacional".
Citada pela agência Lusa, a inspetora do SEF Cláudia Rocha esclarece que o facto de não terem comparecido na respetiva diocese "não significa que não estejam autorizados a permanecer no território”.
Esta manhã, em declarações à TSF, o bispo de Cabinda, em Angola, fez saber que cinco peregrinos angolanos abandonaram a delegação que integravam depois de terem chegado a Lisboa e não tencionam regressar a Luanda. Belmiro Chissengueti, responsável pela delegação angolana, garante que as autoridades já estão a par do sucedido, estando agora a aguardar que as mesmas "ajudem ao necessário seguimento".
Na segunda-feira, o embaixador de Cabo Verde em Portugal ressalvou aos jornalistas, à margem de um evento em Lisboa, que não tinha “conhecimento das causas nem de todos os detalhes” da situação, declarando apenas que a embaixada está em contacto com “alguns dos intervenientes”. “Tenho apenas informação de carácter muito geral deste e de alguns outros incidentes, mas creio que a questão essencial para nós vai ser ultrapassada, segundo informações de que dispomos”, salientou Eurico Correia Monteiro.