Marcelo em Belém à espera de Costa para saber resultado da reunião em São Bento - TVI

Marcelo em Belém à espera de Costa para saber resultado da reunião em São Bento

Marcelo Rebelo de Sousa (Foto: Bienvenido Velasco/EPA)

Depois de uma reunião de cerca de 90 minutos, João Galamba deixou o palacete de São Bento pelas 11:30. O Presidente da República desmarcou toda a agenda que tinha para a tarde desta segunda-feira e encontra-se no Palácio de Belém, onde espera que António Costa lhe comunique o resultado da reunião.

Espera-se um segundo dia de maio decisivo na gestão da crise política provocada pelo caso que opôs o ministro das Infraestruturas João Galamba ao seu antigo adjunto Frederico Pinheiro. António Costa e João Galamba estiveram reunidos no Palacete de São Bento durante cerca de uma hora e meia, depois de ser noticiado que o Presidente da República espera a demissão do ministro. João Galamba chegou pelas 09:30 e António Costa juntou-se-lhe 20 minutos depois, tendo o ministro das Infraestruturas saído de São Bento um pouco antes das 11:30, sem falar aos jornalistas.

Marcelo Rebelo de Sousa desmarcou todos os compromissos da sua agenda para esta segunda-feira à tarde e está em Belém, onde aguarda a presença do primeiro-ministro lhe comunique o resultado da reunião em São Bento.

O caso João Galamba apanhou o primeiro-ministro num “curto período de férias” e António Costa encontrava-se no estrangeiro. De acordo com o jornal Expresso, Presidente da República e primeiro-ministro mantiveram uma conversa telefónica ainda no sábado, dia em que João Galamba deu uma conferência de imprensa em que explicou ao país os contornos da demissão do adjunto Frederico Pinheiro. Nessa conversa, ainda de acordo com o jornal, Marcelo Rebelo de Sousa deixou claro que, no seu entendimento, o ministro das Infraestruturas não tem condições para continuar no Governo. Para Marcelo, escreve o semanário na edição online, o que se passou naquele Ministério, incluindo o recurso ao SIS, pôs em causa a credibilidade do Estado. Assim, a expectativa em Belém é que Costa afaste Galamba.

O que disse Costa

À chegada ao aeroporto, no regresso das férias, António Costa tinha à espera uma equipa de jornalistas da RTP, a quem confirmou que falaria “pessoalmente” com João Galamba esta terça-feira de manhã. Um encontro que aconteceu então pelas 10:00, no Palacete de São Bento. Alegou António Costa que “há coisas que não se tratam no estrangeiro”.

O primeiro-ministro diz que “o que se passou nem a título de exceção é admissível”. “Obviamente não é o padrão, regra de funcionamento de nenhum Governo, não é deste Governo. Portanto, o que se passou é a todos os títulos, algo que é inadmissível”, disse António Costa.

Não estou a falar do comportamento individual do ministro das Infraestruturas, porque obviamente é legítimo que um ministro demita um colaborador em que perdeu confiança”, disse, deixando  claro que João Galamba “não escondeu nem pretendeu esconder qualquer documento da Comissão Parlamentar de Inquérito e entregou à Comissão Parlamentar de Inquérito os documentos em causa”. 

“Acho normal que perante um roubo de um computador com documentos classificados haja um alerta e que as autoridades atuem em conformidades”, reitera, embora admita que a “credibilidade” do governo foi “afetada”.

António Costa diz que não foi informado, “nem tinha de ser informado” e que “ninguém no Governo deu ordens ao SIS”. “O que houve foi um alerta relativamente ao roubo de um computador onde havia informação classificada cada. Eu não dei nem nenhum membro do governo deu qualquer ordem ao SIS”.

O que espera o PS

Dentro do Partido Socialista, cedo se começou a pedir que se aproveitasse este episódio e se fizesse uma remodelação mais profunda no Governo. O próprio presidente do PS, Carlos César, em entrevista ao jornal Público, pediu mão firme de António Costa.

“Acho que é tempo de ir convocando outras pessoas para a atividade do Governo”, diz Carlos César, presidente do Partido Socialista, sugerindo que pode haver a necessidade de António Costa avaliar ministério a ministério.

A deputada socialista Alexandra Leitão, disse na antena da CNN Portugal, que “é preciso fazer alguma coisa dentro do Governo” e que isso pode “passar por uma remodelação”, mas que apenas “vale a pena” avançar para esse cenário “se for para mudar perfis, para mudar verdadeiramente, para fazer uma espécie de reset”.

“O Governo não recuperou dos incidentes dos primeiros oito, nove meses, que culminaram na saída de Pedro Nuno Santos”, disse a comentadora no programa O Princípio da Incerteza, argumentando que o governo não recuperou porque “quando há um problema, perde a cabeça”. 

“Quando vem ao de cima um caso, e recuso a chamar-lhe casinho, dá a ideia de que toda a gente perde a cabeça e enreda num conjunto de explicações que só vêm piorar”, diz, revelando que ficou “estupefacta” com a conferência que João Galamba deu no sábado. “É uma conferência de imprensa em que se mete ao barulho o primeiro-ministro, o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, a ministra da Justiça, é uma coisa que me deixou estupefata”.

“Ao mais pequeno problema que há”, continua, o que o Governo faz é dar voz a “incidentes, contradições, inverdades, mentiras”.

Também na CNN Portugal, no programa Contrapoder, Sérgio Sousa Pinto defendeu que “o Governo tem de refletir”. Olhando para o caso que opôs João Galamba e Frederico Pinheiro, Sérgio Sousa Pinto considerou que “a gravidade é evidente” e, por isso, “alguma coisa vai ter de ser feita”, fazendo alusão às declarações Carlos César.

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