Uma viagem de comboio de dez horas, dispositivos eletrónicos proibidos: o que se sabe sobre a megaoperação que levou Biden a Kiev - TVI

Uma viagem de comboio de dez horas, dispositivos eletrónicos proibidos: o que se sabe sobre a megaoperação que levou Biden a Kiev

Tinha sido anunciado que o presidente dos EUA ia até à Polónia mas foi mais além: deslocou-se à capital ucraniana. Norte-americanos dão sinal ao mundo sobre o seu apoio à Ucrânia

O presidente norte-americano, Joe Biden, chegou esta segunda-feira à capital ucraniana numa visita-surpresa na semana em que se assinala um ano de invasão russa. Joe Biden foi recebido em Kiev num dia em que toda a Ucrânia está sob alerta vermelho para risco de ataque aéreo, conforme testemunhou o enviado especial da CNN Portugal Sérgio Furtado.

Ao início da manhã estava previsto que Joe Biden se deslocasse a Varsóvia, na Polónia, precisamente para assinalar um ano de guerra. O presidente norte-americano acabou por aparecer em Kiev ao lado do seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, como mostram as imagens recolhidas pelos jornalistas no terreno.

A visita de Biden a Kiev foi envolta em enorme secretismo devido às preocupações de segurança naquela que continua a ser, ao fim de um ano, uma zona de guerra ativa. De acordo com o New York Times, Biden chegou a Kiev depois de uma viagem de comboio de cerca de dez horas, após ter partido da Polónia.

A agenda pública do presidente norte-americano não mencionava uma visita a Kiev, e, na semana passada, os funcionários da Casa Branca repetiram por diversas vezes que não estava prevista qualquer viagem à Ucrânia para assinalar um ano da invasão russa.

De acordo com a CNN Internacional, no sábado à noite Biden foi jantar com a sua mulher, Jill Biden, a Washington. O presidente norte-americano não voltou a ser visto em público até à sua chegada a Kiev, na manhã desta segunda-feira.

Joe Biden em comboio entre a Ucrânia e a Polónia (Evan Vucci/AP)

O Air Force One (o avião presidencial norte-americano) partiu da base aérea Joint Base Andrews sob o manto da escuridão da madrugada, às 04:15 desta segunda-feira. Os repórteres que seguiam a bordo não foram autorizados a levar dispositivos eletrónicos com eles.

Biden viaja com uma comitiva relativamente pequena, onde se inclui o seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, a sua vice-chefe de gabinete, Jen O'Malley Dillon, e a sua assistente pessoal, Annie Tomasini.

O dia 24 de fevereiro assumiu este ano um significado simbólico, tornando-se a data em que se assinala a resistência ucraniana contra a Rússia, sobretudo numa altura em que as forças ucranianas estão a sofrer cada vez mais dificuldades na linha da frente, conforme tem vindo a ser revelado pelo próprio Zelensky.

Bakhmut tem sido, por estes dias, palco dos combates mais intensos, com o líder do Grupo Wagner a indicar que Bakhmut pode vir a ser cercada até abril. Ainda assim, as forças de Kiev resistem às ofensivas russas, ao mesmo tempo que as autoridades ucranianas reiteram os apelos para o envio de equipamentos militares.

Biden anuncia pacote de ajuda de 470 milhões

No âmbito desta visita, o presidente norte-americano anunciou um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 470 milhões de euros, além de equipamento militar, incluindo munições de artilharia, mísseis Javelin e Howitzers.

"Hoje, em Kiev, encontro-me com o presidente Zelensky e sua equipa para uma longa discussão sobre o nosso apoio à Ucrânia. Anunciarei outra entrega de equipamento essencial, incluindo munição de artilharia, sistemas antitanques e radares de vigilância aérea para ajudar a proteger o povo ucraniano de bombardeiros aéreos. E acrescento que ainda esta semana anunciaremos sanções adicionais contra as elites e empresas que estão a tentar fugir ou a ajudar a máquina de guerra da Rússia. No ano passado, os EUA construíram uma coligação de nações do Atlântico ao Pacífico para ajudar a defender a Ucrânia com apoio militar, económico e humanitário sem precedentes – e esse apoio vai continuar", garantiu.

"Compromisso inabalável"

Entretanto, Volodymyr Zelensky revelou a primeira fotografia oficial do seu encontro com Joe Biden, numa publicação no Telegram, onde escreveu que a visita do chefe de Estado norte-americano "é uma demonstração de extrema importância do apoio a todos os ucranianos."

Joe Biden em comboio entre a Ucrânia e a Polónia (Evan Vucci/AP)

Por sua vez, Joe Biden anunciou a sua chegada ao país com uma publicação no Twitter, onde disse estar em Kiev para "reafirmar o compromisso inabalável" dos EUA com a Ucrânia.

"À medida que nos aproximamos da data em que se assinala o primeiro ano da invasão brutal russa na Ucrânia, estou hoje em Kiev para me encontrar com o presidente Zelensky e reafirmar o nosso compromisso inabalável com a democracia, soberania e integridade territorial da Ucrânia", escreveu Biden.

A declaração continua em mais dois 'tweets': "Quando Putin lançou esta invasão há quase um ano, ele pensou que a Ucrânia estava fraca e o Ocidente estava dividido. Ele pensou que podia ser superior a nós. Mas ele estava absolutamente errado."

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