O presidente norte-americano, Joe Biden, chegou esta segunda-feira à capital ucraniana numa visita-surpresa na semana em que se assinala um ano de invasão russa. Joe Biden foi recebido em Kiev num dia em que toda a Ucrânia está sob alerta vermelho para risco de ataque aéreo, conforme testemunhou o enviado especial da CNN Portugal Sérgio Furtado.
Ao início da manhã estava previsto que Joe Biden se deslocasse a Varsóvia, na Polónia, precisamente para assinalar um ano de guerra. O presidente norte-americano acabou por aparecer em Kiev ao lado do seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, como mostram as imagens recolhidas pelos jornalistas no terreno.
Biden’s here — on walkabout in central Kyiv. pic.twitter.com/l9uus74Dke
— Oliver Carroll (@olliecarroll) February 20, 2023
A visita de Biden a Kiev foi envolta em enorme secretismo devido às preocupações de segurança naquela que continua a ser, ao fim de um ano, uma zona de guerra ativa. De acordo com o New York Times, Biden chegou a Kiev depois de uma viagem de comboio de cerca de dez horas, após ter partido da Polónia.
A agenda pública do presidente norte-americano não mencionava uma visita a Kiev, e, na semana passada, os funcionários da Casa Branca repetiram por diversas vezes que não estava prevista qualquer viagem à Ucrânia para assinalar um ano da invasão russa.
De acordo com a CNN Internacional, no sábado à noite Biden foi jantar com a sua mulher, Jill Biden, a Washington. O presidente norte-americano não voltou a ser visto em público até à sua chegada a Kiev, na manhã desta segunda-feira.
O Air Force One (o avião presidencial norte-americano) partiu da base aérea Joint Base Andrews sob o manto da escuridão da madrugada, às 04:15 desta segunda-feira. Os repórteres que seguiam a bordo não foram autorizados a levar dispositivos eletrónicos com eles.
Biden viaja com uma comitiva relativamente pequena, onde se inclui o seu conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, a sua vice-chefe de gabinete, Jen O'Malley Dillon, e a sua assistente pessoal, Annie Tomasini.
O dia 24 de fevereiro assumiu este ano um significado simbólico, tornando-se a data em que se assinala a resistência ucraniana contra a Rússia, sobretudo numa altura em que as forças ucranianas estão a sofrer cada vez mais dificuldades na linha da frente, conforme tem vindo a ser revelado pelo próprio Zelensky.
Bakhmut tem sido, por estes dias, palco dos combates mais intensos, com o líder do Grupo Wagner a indicar que Bakhmut pode vir a ser cercada até abril. Ainda assim, as forças de Kiev resistem às ofensivas russas, ao mesmo tempo que as autoridades ucranianas reiteram os apelos para o envio de equipamentos militares.
Biden anuncia pacote de ajuda de 470 milhões
No âmbito desta visita, o presidente norte-americano anunciou um pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 470 milhões de euros, além de equipamento militar, incluindo munições de artilharia, mísseis Javelin e Howitzers.
"Hoje, em Kiev, encontro-me com o presidente Zelensky e sua equipa para uma longa discussão sobre o nosso apoio à Ucrânia. Anunciarei outra entrega de equipamento essencial, incluindo munição de artilharia, sistemas antitanques e radares de vigilância aérea para ajudar a proteger o povo ucraniano de bombardeiros aéreos. E acrescento que ainda esta semana anunciaremos sanções adicionais contra as elites e empresas que estão a tentar fugir ou a ajudar a máquina de guerra da Rússia. No ano passado, os EUA construíram uma coligação de nações do Atlântico ao Pacífico para ajudar a defender a Ucrânia com apoio militar, económico e humanitário sem precedentes – e esse apoio vai continuar", garantiu.
As we approach the anniversary of Russia’s brutal invasion of Ukraine, I'm in Kyiv today to meet with President Zelenskyy and reaffirm our unwavering commitment to Ukraine’s democracy, sovereignty, and territorial integrity.
— President Biden (@POTUS) February 20, 2023
"Compromisso inabalável"
Entretanto, Volodymyr Zelensky revelou a primeira fotografia oficial do seu encontro com Joe Biden, numa publicação no Telegram, onde escreveu que a visita do chefe de Estado norte-americano "é uma demonstração de extrema importância do apoio a todos os ucranianos."
Por sua vez, Joe Biden anunciou a sua chegada ao país com uma publicação no Twitter, onde disse estar em Kiev para "reafirmar o compromisso inabalável" dos EUA com a Ucrânia.
"À medida que nos aproximamos da data em que se assinala o primeiro ano da invasão brutal russa na Ucrânia, estou hoje em Kiev para me encontrar com o presidente Zelensky e reafirmar o nosso compromisso inabalável com a democracia, soberania e integridade territorial da Ucrânia", escreveu Biden.
A declaração continua em mais dois 'tweets': "Quando Putin lançou esta invasão há quase um ano, ele pensou que a Ucrânia estava fraca e o Ocidente estava dividido. Ele pensou que podia ser superior a nós. Mas ele estava absolutamente errado."