Josep Borrell reconhece que a contraofensiva ucraniana ainda “não quebrou a frente [de ataque russa] como no outono passado”, mas que está preparada para continuar a dar luta, sobretudo quando receber o prometido apoio aéreo do Ocidente.
“A Ucrânia é agora o país mais minado do mundo, com cinco minas por metro quadrado na linha de frente. Nessas condições, a guerra é de tentativa e erro”, diz em entrevista ao El País.
O alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança defende que “sem apoio aéreo, um ataque frontal seria suicida”.
Os Estados Unidos autorizaram, esta sexta-feira, a Dinamarca e os Países Baixos a enviar F-16 para a frente de combate e, deste modo, o apoio aéreo já está prometido e o envio de caças F-16 em andamento, embora todo o processo possa ainda ser demorado, devido à necessidade de treino dos pilotos, reconhece Borrell.
E sobre o apoio dado à Ucrânia pelos países do Ocidente, Josep Borrell defende que a Europa “fez o que tinha de ser feito” e, a par dos Estados Unidos, ajudaram a Ucrânia “a defender-se sem ampliar o conflito”. No entanto, diz que a ajuda “tem sido gradual demais”.
Apesar de considerar que a Rússia construiu “algumas defesas formidáveis, em alguns pontos de 30 quilómetros”, Borrell diz que “do ponto de vista militar, a Rússia falhou”.
“Putin queria uma blitzkrieg [guerra-relâmpago], mas 18 meses passaram e está na defensiva. O seu projeto de conquista rápida foi um fiasco completo”, atira. E não hesita nas críticas: “A Rússia já pagou um preço enorme em termos materiais e humanos: perdeu 2.000 tanques, mais do que todos os exércitos da Europa juntos. Embora isso não signifique que tenha esgotado as suas capacidades, Putin agora está a sacrificar o seu exército e o seu povo pela sua sobrevivência pessoal”.
“Nos primeiros tempos da guerra, Putin teve algum sucesso em unir o chamado sul global contra o 'ocidente agressor', mas tem vindo a perder essa vantagem, nomeadamente devido ao seu bloqueio aos alimentos exportados pela Ucrânia”, afirma Borell, atirando que “a recente reunião entre a Rússia e a União Africana foi um grande fracasso diplomático”.