«A corrupção está em muitos lados» - TVI

«A corrupção está em muitos lados»

  • Portugal Diário
  • 10 set 2007, 12:19
Justiça

Juíza Amália Morgado afirma que algo não vai bem na justiça portuguesa

A corrupção alastra-se por todo o país e agora também na justiça, são estas as afirmações da juíza Amália Morgado, em entrevista ao Jornal de Notícias.

«Lamentavelmente a corrupção está em muitos lados e, ao que agora se diz, até na Justiça. Em certos casos isso já parece saltar aos olhos dos operadores jurídicos», afirma.

Segundo a Juíza, existem processos em que é possível perceber que algo não está bem, e se não for atacado desde o início pode vir a ter graves consequências. O Porto é classificado como o grande centro das atenções neste momento, não só pela grande violência, mas também por grandes processos, nomeadamente o Apito Dourado.

«Nesta altura, o Porto está em grande por tudo, sendo o centro das notícias. Lamentavelmente por causa da grande violência, mas também por grandes processos», adiantou ao JN.

Amália Morgado sente que algo não vai bem na justiça portuguesa, sem poder afirmar que a corrupção existe. Sempre que suscitam dúvidas elabora um dossier e envia para quem de direito, nomeadamente superiores hierárquicos ou Ministério Público.

Para a Juíza, «se a corrupção acontecer na base da investigação, mesmo que seja da PJ, GNR ou PSP só passa com a conivência do Ministério Publico», afirmando ainda que «se o MP detectar esse tipo de indícios é o primeiro que tem de atacar e investigar».

Em participações feitas a nível distrital alega não saber que destino lhes foi dado, embora afirme que em todos os processos que por si passaram em que poderia haver corrupção, assinou e encaminhou para entidade própria, acreditando que não caíram em saco roto. As consequências porém estão ainda em curso.

A ideia que tem é de haver muita corrupção, embora não se traduza em números de processo. Defende que se calhar todas as câmaras teriam o seu «saco azul», mas no entanto só algumas foram alvos de investigações.

«Até há pouco tempo não senti que a corrupção fosse investigada. Não havia vontade, ao que penso, principalmente politica...», e adianta: «Veja-se o caso das Câmaras. Se calhar não devia haver uma única que não tivesse o chamado azul».

Durante 11 anos no TIC do Porto, os últimos dois como presidente, Amália Morgado saiu há poucos dias para o Tribunal de Execução de Penas de Coimbra.

A juíza adiantou ainda ao JN que as escutas para serem ouvidas têm de conter todos os parâmetros correctos perante a Lei, confirmando sempre a titularidade dos números a escutar, embora não seja prática geral dos tribunais.
Continue a ler esta notícia