A Adidas anunciou esta terça-feira que vai suspender a parceria com Kanye West, agora conhecido como Ye, depois de o rapper ter feito, na ótica da marca alemã, “comentários e ações inaceitáveis”. A decisão significa o fim da produção dos conteúdos da marca Yeezy, sendo que a Adidas esclarece que é a única proprietária de todos os direitos de design de produtos existentes.
Em causa estarão os recentes comentários antissemitas do cantor norte-americano, que também já viu um documentário seu ser cancelado, além de também ter ficado a saber que a agência de talentos CAA vai deixar de o representar.
Numa publicação no Twitter, que entretanto foi removida, Kanye West disse que ia “passar a ‘death con 3’ [sic] contra os JUDEUS” [Defcon 3 é um estado de alerta militar nos Estados Unidos que permite um uso de força acima do necessário], e também que “têm brincado comigo e tentado rejeitar todos os que se opõem ao vosso objetivo”, sem especificar a que grupo se dirigia, de acordo com os registos de arquivo da Internet obtidos pela CNN.
Em comunicado, a Adidas diz que o corte de relações tem efeito imediato, revelando ainda que espera perder 250 milhões de euros em receitas no ano fiscal de 2022 com esta decisão.
"Os recentes comentários e ações de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores de diversidade e inclusão da empresa, bem como o respeito mútuo e a justiça", pode ler-se na nota publicada no website.
A marca refere que "não tolera o antissemitismo ou qualquer outro tipo de discurso de ódio", referindo que a decisão surge após muita ponderação, prometendo ainda mais informação para 9 de novembro, quando forem anunciados os resultados do terceiro trimestre do ano.
A Adidas segue, assim, o caminho da marca Balenciaga, que já tinha anunciado o corte de relações com o cantor.
Essa mesma publicação valeu-lhe o bloqueio das redes sociais Twitter e Instagram, que consideraram que Kanye West violou as suas políticas. Ainda através daquelas plataformas o cantor sugeriu que a escravidão era uma escolha, além de ter dito que a vacina contra a covid-19 era a "marca da besta".
Ainda no início de outubro, Kanye West foi criticado por usar uma camisola com a inscrição “White Lives Matter” para exibir na Paris Fashion Week. Uma expressão que contrasta com a utilizada "Black Lives Matter", que marca a luta contra o racismo.