Benfica-V. Guimarães, 5-1 (crónica) - TVI

Benfica-V. Guimarães, 5-1 (crónica)

O quarteto fantástico e um farto banquete

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Arrasador.

Treze minutos foi quanto durou o período de incerteza na Luz. O Vitória apresentou-se em 5x4x1, com Dani a baixar para junto dos centrais Villanueva e André Amaro. A estratégia inicial minhota foi óbvia: bloco baixo, compacto e saídas cirúrgicas na direção da baliza de Vlachodimos.

Só que não basta saber como se trava este Benfica de 2022/23. É preciso, claro, conseguir fazê-lo. E se são poucas as equipas que têm em mãos a chave que descodifica o Roger Ball, menos são as que conseguem anulá-lo.

Neste sábado, o Benfica até não teve o utilitário e indiscutível Fredrik Aursnes. Mas isso só foi uma má notícia para os minhotos. O ataque da águia foi mais rápido, mais imprevisível. Mais mágico.

Vigilante, o Vitória conseguiu ser inicialmente competente na difícil missão de travar o virtuosismo do ataque do Benfica reforçado pelo regressado Rafa. Percebia-se, porém, que o sucesso dos minhotos na Luz seria indissociável da capacidade em adiar até ao limite o golo adversário que, tardando, ampliaria os níveis de stress na bancada e no relvado.

Por isso, o golo de Gonçalo Ramos aos 13 minutos foi outra má notícia - talvez a pior de todas elas - para os visitantes, que se viram precocemente forçados a deixar a zona de conforto.

O Vitória não só subiu as linhas, como afastou-as também. E, negligente, criou condições para a tempestade perfeita criada pelo quarteto fantástico do ataque do Benfica. Neres desequilibrava entrelinhas, Rafa aparecia também por ali ou nas costas dos defesas, Ramos não parava e João Mário ocupava inteligentemente qualquer espaço livre.

Aos 36 minutos, quando João Mário bisou concluindo com delicadeza uma transição fantástica que passou por todos os homens da frente por mais do que uma vez e fechou o jogo com o 3-0, já muito tinha ficado para trás. Um chapéu mal medido de Rafa, um remate de Ramos a 40 metros com a baliza sem Celton Biai, um golo de penálti de João Mário e um cabeceamento à trave de Otamendi.

Em ataque organizado, em transição, em jogo direto ou de bola parada, o Benfica encontrava sempre forma de ferir o adversário. E isto – esta elasticidade do líder do campeonato – ajuda a explicar por que razão poucas equipas conseguem travar o conjunto de Roger Schmidt.

Convém também guardar um parágrafo para outros dois homens: se aqueles quatro da frente jogaram tanto, isso deve-se também à dupla do meio-campo. Às incontáveis recuperações de bola de Florentino e à fiabilidade e leitura de jogo de Chiquinho.

Na segunda parte, as águias não tiveram a mesma vertigem e até permitiram que o Vitória, que regressou mais organizado dos balneários, rondasse a baliza de Vlachodimos uma ou outra vez, ainda que sem alterar o sentido do jogo.

Aos 70 minutos, numa tentativa de evitar o quarto do Benfica, André Amaro acabou por cortar a bola contra Dani Silva, que marcou na própria baliza. André Silva ainda marcaria um (justo, diga-se) golo de honra dos visitantes, mas a fechar António Silva deu ainda mais robustez à nona vitória seguida dos encarnados na Liga.

Dizer que ninguém saiu com fome da Luz será afirmação imprecisa. Mas foram poucos os que não saíram saciados depois de farto banquete.

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