O Tribunal de Comércio de Vila Nova de Gaia aceitou o pedido de Processo Especial de Revitalização (PER) submetido pela SAD do Boavista, anunciou a administração dos axadrezados esta terça-feira, em comunicado.
«Sem a adoção de medidas rigorosas e excecionais, a única alternativa seria a apresentação de um pedido de insolvência, o que culminaria na inevitável liquidação da SAD, frustrando, dessa forma, as legítimas expectativas de todos e a recuperação dos créditos por parte dos credores», refere a SAD do Boavista, na nota emitida esta terça-feira.
Na segunda-feira, a SAD do Boavista foi notificada do despacho de aceitação do PER, que permite a empresas em situação económica difícil ou em insolvência iminente a negociação de um acordo com os credores para a sua recuperação.
«É inquestionável para este Conselho de Administração (CA) o atual cenário de degradação económico e financeiro da SAD, que tem sido agravado por uma carga quase diária de processos executivos e consequentes penhoras por parte dos credores - totalmente entendível, mas absolutamente inibidora da atividade regular da sociedade», referiu a SAD do Boavista, liderada desde maio pelo antigo futebolista senegalês Fary Faye.
«Face a esta conjuntura, e ciente da responsabilidade de salvaguardar o futuro da Boavista SAD, o novo CA considera não existir outra alternativa senão a submissão de um PER. Este processo inicia-se agora formalmente, depois de ter encontrado vários constrangimentos ao longo das últimas semanas, e será conduzido, nos próximos meses, com o rigor e a seriedade que este período exige», dizem, ainda.
O PER vai seguir os trâmites legais previstos e será desenvolvido ao longo dos próximos meses. A SAD do Boavista está impedida pela FIFA de inscrever novos futebolistas há quatro janelas de transferências seguidas, devido a dívidas. «Este será, sem dúvida, um momento determinante para criar as condições necessárias à imprescindível reestruturação económica e financeira da SAD, com vista a restabelecer a sua sustentabilidade e posição no mercado», concluiu a SAD do Boavista.
Em agosto, a SAD já tinha passado por um episódio difícil, com uma penhora excecional validada no período de férias judiciais, que inviabilizou a inscrição dos reforços Bruninho e Alhassan. O Tribunal Judicial do Porto autorizou a sociedade financeira BTL, detentora de um crédito significativo sobre o clube, a executar uma dívida, que originalmente era de 5,2 milhões de euros e ascendeu a 6,8 milhões de euros, com juros. A dívida foi executada através dos direitos económicos de jogadores transacionados no verão (Pedro Malheiro e Chidozie). Sem poderem ser inscritos, Bruninho e Alhassan sairiam do Boavista poucos dias depois.
O Boavista ocupa o 14.º lugar da Liga, com nove pontos em 11 jornadas.