Quem se sentou esta noite no Estádio António Coimbra da Mota – ou em frente ao sofá – para assistir ao Estoril-Desp. Chaves e que não seja propriamente um expert nestas andanças do futebol, pode muito bem ter ficado surpreendido com o que viu.
Último classificado da Liga à entrada para esta partida, os canarinhos triunfaram por 4-0 e saltaram seis posições na tabela classificativa. Mas mais do que isso, a equipa de Vasco Seabra voltou a mostrar aquilo que já é óbvio: umas das melhores equipas do campeonato mora na Linha.
A última jornada tinha sido de dissabor para o Estoril, com a derrota em Braga, mas a meio da semana o triunfo com o FC Porto, para a Taça da Liga, deu outro elã aos estorilistas.
Esse encontro tinha visto um Estoril renovado, com muitos jogadores menos utilizados em campo, mas esta noite Vasco Seabra recuperou a versão que tem sido mais habitual desde que assumiu o cargo – e que havia perdido com o Sp. Braga.
Uma entrada impactante
E essa versão não só é a melhor do Estoril, como é, não há que ter medo de o dizer, uma das melhores versões da Liga atualmente.
Prova disso foi a entrada absolutamente fantástica dos estorilistas na partida: forte reação à perda, qualidade na circulação de bola e verticalidade na procura da baliza contrária. Nos primeiros seis minutos foram quatro aproximações perigosas à baliza adversária, a última das quais com direito a golo, de Rodrigo Gomes.
E a partir daí tudo ficou mais fácil.
A formação da casa, com maior ou menor dificuldade, foi controlando todas as incidências da partida, e o Chaves, apesar de ter tido um período de maior fulgor ofensivo, nomeadamente com algumas bolas paradas perigosas, nunca foi capaz de incomodar verdadeiramente a baliza de Carné.
Rodrigo Gomes, um castigo a triplicar
Ofensivamente, de resto, o Estoril não precisou de carregar muito para ir deixando os seus adeptos empolgados. E no tema da empolgação, houve um nome acima dos outros: Rodrigo Gomes.
O ala emprestado pelo Sp. Braga não sabe jogar de outra maneira senão a mil à hora, e castigou – e de que maneira – um Chaves que se apresentou com falta de ideias no ataque e demasiado frágil na defesa.
Em cima do intervalo ainda desperdiçou o 2-0 na cara de Rodrigo Moura – algum deslumbramento –, já não repetiu a gracinha à hora de jogo, quando aproveitou a inércia de João Queirós para fazer o 2-0. O fosso entre as duas equipas estava cada vez maior, e o Estoril foi cavando cada vez mais.
E isto porque as costas da defensiva transmontada foram uma mina de ouro que os homens de Vasco Seabra souberam explorar como ninguém: Alejandro Marqués entrou para fazer o 3-0 aos 70 minutos, em mais um lance com o carimbo de Rodrigo Gomes, e ainda desperdiçou o bis pouco depois – João Marques também não conseguiu fazer o 4-0 na recarga.
Heriberto no sorriso final
Não foi feliz João Marques, sorriu Heriberto Tavares, com um remate de qualidade à entrada da área para fazer o 4-0 no final nos descontos.
O Estoril sobe ao 12.º lugar na Liga, mas mais do que isso, fica a sexta vitória nos últimos jogos para a equipa comandada por Vasco Seabra desde o final de setembro – sétimo triunfo em 11 partidas.
A tabela classificativa ainda não faz jus ao que o Estoril joga, mas a continuar assim, será uma questão de tempo até os mais desatentos repararem nos canarinhos.
Curiosamente, o Chaves está só a três pontos do Estoril – e agora quatro lugares abaixo –, mas muito longe do nível exibicional do adversário desta noite. Os 90 minutos que se jogaram no Estádio António Coimbra da Mota assim o provam.